ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA REALIZADA COM O OBJETIVO DE DISCUTIR A SEGURANÇA PÚBLICA NO BAIRRO SÃO GERALDO – PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 05-5-2009.

 


Aos cinco dias do mês de maio do ano de dois mil e nove, reuniu-se, na Sociedade Gondoleiros, na Rua Santos Dumont, 1147, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e sete minutos, o Vereador Sebastião Melo assumiu a presidência e declarou abertos os trabalhos da presente Audiência Pública, a qual teve como Mestre de Cerimônias o Senhor Ricardo Faertes, destinada a discutir a segurança pública no Bairro São Geraldo, especialmente nas Avenidas São Pedro, Farrapos e Presidente Franklin Roosevelt, conforme requerido pelo Vereador Mauro Zacher e pela Comissão “Bairro São Geraldo pede por segurança”, por meio do Processo nº 1737/09. Compuseram a Mesa: os Vereadores Sebastião Melo e Mauro Zacher, respectivamente Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre e requerente da presente Audiência Pública, presidindo os trabalhos; o Vereador Adeli Sell; os Vereadores Airto Ferronato e Carlos Todeschini; o Senhor Paulo César Silva de Castro, Agente da Guarda Municipal de Porto Alegre, representando a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Segurança Urbana; o Senhor Flávio Comparse Conrado, Delegado de Polícia da 4ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana – DPRM –; o Senhor Sílvio Belbute, Presidente da Associação Benjamin Constant; o Senhor Antônio Almeida, representando a Associação dos Amigos do 4º Distrito; o Senhor Rodrigo Farias dos Reis, Conselheiro Tutelar de Porto Alegre; o Senhor Sílvio Henrique Fulginiti, Presidente da Sociedade Gondoleiros; o Capitão Marcelo Giusti, Comandante da 4ª Companhia do 9º Batalhão de Polícia Militar, e o Senhor João Hélbio Carpes Antunes, do Conselho Municipal de Justiça e Segurança de Porto Alegre. A seguir, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca das normas a serem observadas durante a presente Audiência Pública, informando que, após os pronunciamentos dos Senhores Carlos Alexandre Tanski, Gladis Lima de Souza, Vladimir Reis da Silva e Valdo dos Santos Melo, da Comissão “Bairro São Geraldo pede por segurança”, seria concedida a palavra para manifestações de representantes da comunidade e de Vereadores inscritos. Em continuidade, foram iniciados os debates acerca da segurança pública no Bairro São Geraldo, tendo o Senhor Presidente concedido a palavra aos Senhores Carlos Alexandre Tanski, Gladis Lima de Souza, Vladimir Reis da Silva e Valdo dos Santos Melo, que se pronunciaram sobre o assunto. Na ocasião, o Senhor Presidente propôs a redução do prazo para manifestação dos oradores, de cinco para três minutos, o que foi aceito pelos presentes. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos inscritos, que se pronunciaram na seguinte ordem: o Senhor Jorge Luís Figueiredo, morador do bairro São Geraldo; a Senhora Ana Maria Fulginiti, moradora do bairro São Geraldo; o Senhor Francisco Leandro Souza Dutra, morador da Avenida Presidente Franklin Roosevelt; o Senhor Nelson Leal Marques Bento, morador da Avenida Paraná; a Senhora Luisiane Maria Rosa, moradora do bairro São Geraldo; o Senhor Aristides de Souza Cavalheiro, Pastor da Igreja Metodista Institucional; a Senhora Anna Laura Batista Nunes, estudante da Escola Técnica Estadual Irmão Pedro; o Senhor Marcos André Grando, morador do bairro Floresta; o Senhor Ricardo Doliwa, morador do bairro São Geraldo; o Senhor Walter Kauffmann Neto, morador da Rua Cairú; o Senhor Jorge Luiz Burges, da empresa Jobs Corretora de Seguros Limitada; a Senhora Márcia Rodrigues da Fonseca, moradora da Avenida Presidente Franklin Roosevelt; a Senhora Andréia Santos de Araújo, delegada do Programa de Orçamento Participativo de Porto Alegre; o Senhor Getúlio Silva da Costa, morador do bairro São Geraldo; a Senhora Sílvia Mara Domingues de Morais Kniphoff, moradora da Rua Almirante Tamandaré; o Senhor João Batista Andrade de Matos, morador da Rua Santos Dumont; o Senhor Aluíso Nedel, morador do bairro São Geraldo; o Senhor Marcelo Rodrigues Bento, morador da Avenida Benjamin Constant, e o Senhor Daniel Doval Tibéri, morador da Rua Santos Dumont; Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores João Hélbio Carpes Antunes; Flávio Comparse Conrado e Marcelo Giusti. Em continuidade, manifestaram-se os Vereadores Adeli Sell, Airto Ferronato e Carlos Todeschini. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Paulo César Silva de Castro, Sílvio Henrique Fulginiti e Sílvio Belbute. Em prosseguimento, o Senhor Presidente manifestou-se acerca da presente Audiência Pública. Às vinte e uma horas e quarenta minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos da presente Audiência Pública. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Sebastião Melo e Mauro Zacher. Do que eu, Sebastião Melo, determinei fosse lavrada a presente Ata, que será assinada por mim e pelo Senhor 1º Secretário.

 

 


O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS (Ricardo Faertes): Senhoras e senhores, boa-noite! Neste momento damos início à Audiência Pública solicitada pela Comissão Bairro São Geraldo com o objetivo de discutir sobre Segurança Pública no bairro São Geraldo, principalmente nas Avenidas São Pedro, Farrapos e Presidente Roosevelt.

Convidamos para compor a Mesa: o Sr. Paulo César Silva de Castro, da Guarda Municipal, representante da Secretaria Municipal de Justiça, Direitos Humanos e Segurança Pública; o Sr. Ver. Mauro Zacher; o Sr. Vereador Adeli Sell; o Sr. Delegado Flávio Comparse Conrado, da 4ª Delegacia de Polícia; o Sr. Sílvio Belbute, representante da Associação Benjamin Constant; e o Sr. Antônio Almeida, representante da Associação dos Amigos do 4° Distrito.

Passamos, agora, a fazer a leitura do Edital: “Audiência Pública com o objetivo de discutir sobre segurança no bairro São Geraldo. O Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, no uso de suas atribuições legais, comunica à comunidade porto-alegrense a realização de Audiência Pública, no dia 05/05/2009, às 19h, na Sociedade Gondoleiros, localizada na Rua Santos Dumont, n° 1.147, com o objetivo de discutir sobre Segurança Pública no bairro São Geraldo, principalmente nas Avenidas São Pedro, Farrapos e Presidente Roosevelt. Gabinete da Presidência, 13 de abril de 2009, Ver. Sebastião Melo, Presidente”.

Passamos a palavra ao Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Sebastião Melo.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Meus amigos, primeiro, um abraço muito fraterno, é uma alegria estar com vocês. Quero agradecer ao nosso Cerimonial, cumprimentar a comunidade e dizer que, em 17 de março, foi endereçada ao Ver. Mauro Zacher uma correspondência assinada pelo Srs. Valdo Santos Melo, da Garagem Master; Carlos Alexandre Tanski, da Ótica Tanski; Vladimir Reis da Silva, da Rede Bazar KS; e pela Srª Gladis Lima, Presidenta da Psorisul. Isso foi o que movimentou esta Audiência.

Quero dizer aos senhores que a nossa Câmara de Vereadores, de uns tempos para cá, tem tomado algumas atitudes de aproximação com a nossa Cidade. No ano passado, nós produzimos 19 Audiências Públicas, nos mais diversos bairros da nossa Cidade, sobre os mais diversos temas. Posso dizer aos senhores que na Audiência sobre o Pontal do Estaleiro contamos com a presença de mais de 500 pessoas. Foram duas Audiências: uma terminou à 1h30min; a outra, à 1h45min. Todos tiveram a oportunidade de falar, expressar as suas opiniões sobre aquele tema palpitante da Cidade. Por isso, eu quero louvar, Zacher, a atitude da comunidade e a tua - que és Vereador de toda a nossa Cidade, mas que tens uma ligação muito forte com esse Bairro -, que nós estejamos aqui para discutir um tema desafiador do mundo, do Brasil, do Rio Grande do Sul e da nossa Capital gaúcha. Mas quero dizer mais: acho, meu caro Vice-Presidente da Câmara de Vereadores, Adeli Sell, que poderíamos tirar daqui, entre alguns indicativos, uma reunião específica sobre o Plano Diretor da Cidade, porque essa matéria não é menos importante do que a matéria que vamos debater aqui agora.

Nós tivemos uma Tribuna Popular esses dias, lá na Câmara - acho que era o Sílvio que estava lá -, e o tema foi esse. Nós temos um Bairro que está a cinco minutos do Centro da Cidade, ao lado do Aeroporto Salgado Filho, na saída da Cidade, na entrada da Cidade, portanto com uma infraestrutura pronta, com uma rede gastronômica extraordinária e com gente extraordinária e fantástica, e nós temos que aproveitar a Revisão do Plano Diretor para revitalizar o 4° Distrito. Porque nós não vamos ter Segurança Pública tendo casa fechada; nós não vamos ter Segurança Pública tendo área só comercial: nós vamos ter Segurança Pública casando a convivência, a moradia, com o comércio, com o serviço, com o negócio.

Por isso, eu quero louvar esta Audiência, Mauro, e a ti, que vais presidi-la, porque daqui eu vou lá para o Liberato Salzano Vieira da Cunha, onde o Prefeito já se encontra e onde o Presidente da Câmara vai representar o Legislativo no nosso Orçamento Participativo. É uma Audiência não menos importante do que esta, porque lá nós vamos discutir os investimentos da Zona Norte da Cidade.

Vai presidir esta reunião o nosso querido Mauro, e vai ficar aqui de auxiliar do Mauro ninguém mais ninguém menos do que o Vice-Presidente da Câmara, o querido Ver. Adeli, que também vai dar a sua contribuição.

Então, eu queria, ao abrir esta Reunião, regrar a nossa Audiência Pública. A partir deste momento, estão abertas as inscrições, aqui ao nosso lado direito. Todas as pessoas que quiserem se inscrever para se manifestar, por favor, procurem o local de inscrições; terão voz. Estamos aguardando algumas representações, especialmente da Brigada Militar - não sei se chegaram, eu peço ao Daniel que diligencie para ver se a Brigada, que confirmou presença, está chegando, porque é importante a presença da Brigada. (Pausa.)

Os inscritos vão ter cinco minutos cada um para fazer as suas manifestações. As autoridades que compõem a Mesa terão um tempo para fazer o debate e o questionamento. Mas, inicialmente, Ver. Mauro, vamos conceder a palavra àqueles que fizeram o Requerimento, ou seja, vamos dar um tempo de dez minutos; pode ser um, dois ou três oradores. Nesse prazo de dez minutos, aqueles que fizeram o Requerimento vão sustentar, porque a origem da Audiência é o Requerimento. Portanto, eles terão o direito de fazer as suas sustentações, e a partir das suas sustentações, nós vamos ouvir a comunidade. E entendo que as autoridades devem falar por último. Por quê? Porque a comunidade, na Audiência Pública, é quem deve se manifestar primeiro, e, depois, as autoridades vão poder fazer o contraditório.

Então, quero desejar um bom trabalho a vocês, deixar um abraço muito forte. Quero dizer que a nossa Câmara Municipal se sente muito orgulhosa, mesmo, de estar aqui, porque sempre digo que a Câmara Municipal, o Parlamento, tem que estar onde o povo está. Não que não sejam importantes as reuniões das Comissões, as do Plenário. Tudo o que acontece lá é importante, mas isto aqui não é menos importante, porque aqui é que pulsa o dia a dia da Cidade, e o Vereador é o representante mais próximo. O Parlamento Municipal é o parlamento mais próximo, e o parlamento mais próximo tem que estar próximo à população. Eu quero dizer a vocês que nós todos estamos abrigados num prédio, num clube social, cujo Presidente foi um dos maiores Vereadores desta Cidade, um grande barbeiro deste Bairro, o Ver. Aloísio Filho, grande e extraordinário! (Palmas.) Os mais velhos, aqueles que aqui conviveram, sabem que ele presidiu a Casa por muitos anos e, com a sua simplicidade, com a sua humildade, foi um homem que conseguiu muito para esta Cidade.

Então, ao abrir esta Audiência, também quero render homenagens àquele que muito contribuiu com este Bairro e com esta Cidade, o grande e extraordinário Ver. Aloísio Filho.

Bom trabalho, Ver. Mauro Zacher, boa presidência. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado. Gostaria, inicialmente, de convidar para compor a Mesa conosco: o Ver. Airto Ferronato; o representante do Conselho Tutelar, o Rodrigo; e, também, o Presidente do Clube, que está nos oferecendo, aqui, o espaço: o Sílvio. Por favor, Sílvio, venha fazer parte da Mesa conosco, aqui.

Bom, como já ficou combinado pelo nosso Presidente, Ver. Sebastião Melo, nós gostaríamos de ouvir a manifestação da Gladis, do Valdo, do Vladimir e do Carlos. Cedo a palavra para vocês.

 

O SR. CARLOS ALEXANDRE TANSKI: Boa-noite, autoridades, sociedade do 4º Distrito. Sinto-me orgulhoso de representar meus colegas e, tenho certeza, de representar a opinião da população. Nós sentimos, às vezes, ansiedades, e, outras vezes, satisfações por termos sido atendidos, como no fato de hoje, com a Audiência Pública, que é extremamente relevante: a sociedade discutindo junto com as forças políticas aquilo que importa para a sociedade.

Nós fizemos contato com o Ver. Mauro Zacher e, no momento do contato, surgiu um questionamento, porque Segurança Pública se faz pelo Estado, pelo poder da Governadora, pelo poder da Brigada Militar, Polícia Civil e outras entidades. E nós levamos a frase: o Vereador é, ou, os Vereadores são os nossos primeiros representantes. Como surgiu essa demanda? O nosso grupo sentiu que alguns colegas não suportavam mais a quantidade de assaltos que aconteceram durante o mês de janeiro e fevereiro no bairro São Geraldo, ali na região da Av. São Pedro, Av. Farrapos e Av. Presidente Roosevelt. Teve um dia que eu, saindo da minha loja, às 17h - porque eu dou aula em Santa Maria -, avisei os meus colegas: “hoje é dia de vale, tomem cuidado, não saiam da porta da loja”. Meia hora depois, a menina da loja de fotos, que fica ao lado, foi assaltada; roubaram 70 reais, mas a vida dela passou à margem do fim.

Nós tivemos, em janeiro e fevereiro, uma situação de decréscimo muito grande da segurança, e de ascensão da falta de segurança e de agressão à sociedade.

Nos reunimos, numa terça-feira, e, muito orgulhosamente, com o contato da Gladis, pudemos conversar com o Senador Zambiasi, na sexta-feira, que, de pronto, conseguiu uma agenda com o Secretário Senna, da EPTC. Também nos colocaram: “A EPTC não é segurança”. Mas o funcionário público da EPTC presente na rua, de certa forma, tem contato direto com a Brigada e faz parte de um sistema de segurança informal, talvez. Então, fizemos contato com o Secretário Senna, da EPTC, quando reconhecemos algumas coisas que poderiam melhorar a nossa segurança, como, talvez, a implantação de uma câmera de observação na esquina da Av. São Pedro com a Av. Farrapos ou na esquina da Av. Presidente Roosevelt com a Av. São Pedro. Essas câmeras são acompanhadas on-line tanto pela Brigada Militar, em alguns casos, como pela EPTC, e, através delas, eles conseguem controlar o trânsito, no caso da EPTC. Vimos isso acontecendo.

Já na semana seguinte, então, no dia 17 ou 19, conseguimos um almoço com o Ver. Mauro Zacher, quando debatemos por alguns momentos - quase uma hora -, num restaurante próximo, e ele trouxe essa oportunidade extremamente importante, extremamente forte, que era a de uma Audiência Pública no local.

Também fizemos um contato com o Ver. Luiz Braz, que, muito prestativo, abriu-nos as portas de um programa de televisão que ele tem, onde alguns colegas puderam fazer suas manifestações e até conversar com alguns representantes da Brigada Militar.

Mas, ainda assim, continuamos sem a Brigada. Onde está a Polícia e onde está a Brigada nesses dois, três meses que vieram? Estamos no quinto mês do ano, e nós não temos um efetivo, alguém, a Brigada, presente de forma permanente. Nós estamos falando, como o Vereador falou, do Bairro responsável por uma das partes principais da industrialização de Porto Alegre - dados da Câmara de Vereadores. Há três ou quatro anos, o bairro São Geraldo era responsável por 40% de tudo que é industrializado em Porto Alegre. Então, estamos falando de dinheiro alto circulando através da indústria. Nós temos, ainda, uma população residente muito forte, se revitalizando lentamente. Nós estamos falando de um bairro onde, na esquina da Av. Farrapos com a Av. São Pedro, temos 11 bancos. Apresentem-me uma esquina em Porto Alegre que tenha 11 bancos, em 200 metros quadrados, em cada lado! E a Polícia, cadê?! Cadê a presença efetiva da Polícia para segurar essa indústria forte, para segurar esse comércio forte, para segurar essa rede bancária forte? (Palmas.) (sic)

Nós precisamos, Vereador, nós precisamos, senhores, de segurança! Eu sou empresário aqui, a minha vida está aqui. Eu moro aqui. Eu pago pela segurança noturna. Já tive meu carro furtado na porta da minha loja, às 11 horas da noite, porque o alarme disparou; fui assaltado, e roubaram o meu carro. Talvez tenha dado oportunidade suficiente, mas, hoje, por favor, alguém me diga: viram um brigadiano circulando, aqui? Morreu uma pessoa esta semana, bateu quase dentro da minha loja! Bateu no poste. Se o poste não segura, ele entra na porta da minha loja! É a minha vida que está aqui. De todas as formas, a gente precisa de segurança! Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): A Srª Gladis Lima, Presidenta da Psorisul, está com a palavra.

 

A SRA. GLADIS LIMA DE SOUZA: Boa-noite. Represento a Psorisul, que é a Associação Nacional de Portadores de Psoríase, que fica ali na Av. São Pedro com a Av. Presidente Roosevelt. Nesse “anda para lá e para cá” divulgando a Associação, encontrei, como o Tanski, como o Valdo, como o pessoal da loja e a Lena, a dificuldade que se tem com relação a policiamento. Nessas minhas idas e vindas, eu vejo a dificuldade diariamente, quando não encontro um brigadiano! Então, há uma necessidade muito grande, sim. Nós temos um polo; eu sempre disse, digo e venho dizendo às autoridades: aqui é uma rota de fuga. Qualquer bandido chega muito fácil a essas esquinas, rouba, vai embora, e nós ficamos em haver.

Eu acho que agora é o momento. Uma Audiência Pública tem uma grande importância. Hoje estamos aqui reunindo autoridades, mostrando a elas as nossas necessidades. As nossas necessidades hoje são: policiamento, segurança, o que não se tem. Achei muito importante a Audiência em função disso. Nós estamos simplesmente à mercê do bandido. Quem é que se esconde? Eu tenho que descer, eu tenho que descer sem bolsa. Fui a uma loja, ao Bazar KS, e eu fui assaltada na entrada. Eu não esperava aquela atitude. Além de a loja estar sendo assaltada, eu estava correndo um grande risco de morte; o cara estava armado! Uma hora depois, eu acho, é que chegou uma viatura! É inadmissível! Tu pagas imposto - e é caro -, e nós não temos, no nosso 4º Distrito, um policial!

Então, olha aqui, pessoal: estamos hoje reunidos, tem autoridades importantes. Quero sair daqui, Ver. Zacher - parabenizo-o pela Audiência -, com uma carta-compromisso. Eu não quero sair daqui simplesmente com um “nós vamos fazer alguma coisa”, só no falar. Eu quero é uma carta-compromisso (Palmas.), porque, depois, nós vamos ter o direito de cobrar, cobrar aquilo que foi dito aqui.

São essas as palavras que eu tenho a dizer. Espero também contar com todos vocês, e, toda vez que nós nos sentirmos ameaçados, vamos nos unir. E aqui estamos diante deles; são eles que nos representam na hora do voto. É isso que eu quero cobrar. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Gladis.

O Sr. Vladimir Reis da Silva, proprietário da rede Bazar KS, está com a palavra.

 

O SR. VLADIMIR REIS DA SILVA: Boa-noite a todos. A loja a que a Gladis se referiu infelizmente é a minha; eu tinha um posto avançado do Banrisul ali, e entraram três rapazes armados e fizeram uma limpa.

O que o pessoal todo reivindicou é um fato. Eu gostaria de colocar o seguinte: o que a gente realmente anseia, o que a gente realmente precisa é, nem que seja, um brigadiano na esquina. Um que seja! Porque esse “um brigadiano” ele tem um contato muito mais rápido com o resto da Brigada. Então, a gente não precisa de um comando todo ali, mas, se tivesse um brigadiano na esquina... Ele é um ser inibidor, ele iria quase que reduzir em 80%, eu acho, os roubos no bairro. Então, o que a gente pede, na verdade, não é muito. A gente, por enquanto, está pedindo um brigadiano só na esquina; e esse “um brigadiano” vai ser muito para nós, para quem não tem nada ali. Eu acho que esse é o reforço, a gente ter só um efetivo ali. Acho que é isso. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Vladimir. Também quero chamar para compor a Mesa o Capitão Marcelo Giusti, representando a Brigada; e o Sr. João Carpes Antunes, Presidente do Conselho Municipal de Justiça e Segurança de Porto Alegre.

O Sr. Valdo dos Santos Melo, da Garagem Master, está com a palavra.

 

O SR. VALDO DOS SANTOS MELO: Senhoras e senhores, venho aqui reiterar o que o pessoal, os companheiros todos aí do movimento falaram, eu, que sou proprietário da Garagem Master, no lado, centralizado entre bancos. Solicito também a presença da Brigada Militar, da EPTC, da Guarda Municipal; que sempre tenha alguém ou se revezem algumas pessoas ali, porque, só por ser um funcionário público que esteja ali em volta, já vai nos dar uma grande mão e já vai afastar essa vagabundagem que anda em torno de todo o nosso bairro, porque a gente não tem domínio de nada. Então, é isso. Agradeço a presença de todos, aos Vereadores, e peço que tomem alguma providência. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Valdo. Quero propor à Mesa que passemos a palavra aos inscritos, e sugiro que intercalemos, se for o caso, ou ficamos para o final, nós, Vereadores, Polícia Civil, Brigada Militar, Conselho. Talvez as associações possam também participar, se não se inscreveram ainda.

Então, chamo o Sr. Jorge Luís Figueiredo, da Ferramentas do Parque.

 

O SR. JORGE LUÍS FIGUEIREDO: Boa-noite a todos. Tenho um pequeno comércio aqui na Rua do Parque, sou novato na Região. Imagino que todos sejam bem mais antigos. Mas eu queria aproveitar e colocar três pontos que acho são decisivos aqui na Região, e como não tenho contato com o pessoal da Associação, gostaria de procurá-los em seguida, mas vejo que são pontos que não são tão debatidos.

Em primeiro lugar, quero tocar numa ferida, acredito, no albergue municipal, na Rua Com. Azevedo. Meus Deus, aquilo não tem estrutura para um albergue municipal! Um albergue municipal tem que ter local para quem sair de dia ter onde ficar e não ficar atirado nas calçadas. Aquilo é um depósito, é um lixo, é um depósito de gente. (Palmas.)

Em segundo lugar, eu queria colocar o seguinte: fora das principais avenidas aqui, eu tenho um pequeno comércio e alugo um imóvel aqui na Rua do Parque, e estou procurando um imóvel para comprar na Região. Acontece que há muito imóvel para vender na Região, só que a especulação imobiliária aqui é absurda. Há uma imobiliária nova aqui, com um nome muito chique, muito bonito, aqui na volta, que está pedindo 350 “paus” por um terreninho no meio da quadra. Então, eu quero sugerir ao pessoal da Câmara de Vereadores que sobretaxem esses imóveis que não estão sendo ocupados. Onde é que se esconde a vagabundagem nesse Bairro? Não é nos prédios abandonados? Para aonde eles vão? Há muito prédio abandonado, gente, aqui para dentro. É um absurdo o que tem aqui, e não são aproveitados para nada.

Então, quem não quer aproveitar o seu prédio, não quer ter comércio, não quer ter moradia, não quer ter nada, então venda, senão vai pagar muito imposto. (Palmas.) Estou quase esquecendo da terceira sugestão. É uma sugestão que eu queria dar aqui a todos os participantes, por intermédio da Associação, que seria mais um ato simbólico do que, propriamente, um ato jurídico: eu proponho que a Associação, aqui presente, entre na Justiça exigindo segurança, a Brigada presente nas ruas - não me refiro às operações especiais, pessoal, Comandante, estou falando sobre policiamento ostensivo, diariamente na rua, e de um prazo para que isso aconteça, para que o Estado possa se organizar e ter isso na rua. Se não tiver, então que seja autorizada, judicialmente, a guarda armada, particular, paga por todos nós, porque todos nós já pagamos. (Palmas.) Nem que seja simbólico, pessoal, que possamos exigir reparação financeira de tudo que a gente paga para essa guarda armada. Se um dia nós recebermos, ótimo, se não recebermos, pelo menos, estaremos dando um exemplo, um basta nessa situação! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Jorge Luís Figueiredo, da Ferramentas do Parque.

A Srª Ana Maria Fulginiti, moradora do nosso Bairro, está com a palavra.

 

A SRA. ANA MARIA FULGINITI: Uma coisa eu tenho que falar e sei que todos vão concordar comigo: o que está acontecendo aqui, exclusivamente, é que eles estão se escondendo na Praça São Geraldo! Ninguém vê o que está acontecendo na Praça São Geraldo! (Palmas.) Os ladrões saem da Praça São Geraldo para roubar em volta! O que está acontecendo? Às 21h, há assalto, há tudo na Praça São Geraldo. Um menino de 20 anos foi assaltado e esfaqueado em frente à minha casa! Então, o que é isso? Eles se escondem lá dentro para assaltar vocês! O que há de vagabundo lá dentro, e ninguém faz nada. O que acontece? Quando houve as eleições, há pouco, o que aconteceu? Iluminaram a Praça, fizeram a Praça muito bonitinha, tudo muito bom. Vão lá para ver como ela está agora? Tudo no escuro, os vagabundos roubam as luzes para se esconder lá e para assaltar o comércio aqui. Não vão pensar que é outra coisa que eles estão fazendo lá. Eles querem assaltar o comércio aqui do nosso bairro, e ninguém vê nada disso. Então, o que tem que fazer? Vão cuidar da Praça. É por lá que eles vão fugir. E podem ter certeza de que eles saem daqui da Farrapos e passam lá.

Então, o que temos que fazer? Botar iluminação na Praça, policiamento na Praça municipal dia e noite, porque os Guardas Municipais entram lá, veem os caras fumando maconha, e ninguém faz nada.

Então, peço que o Mauro Zacher, nosso Vereador, e toda a Comissão deem uma olhadinha na nossa Praça, vão lá para ver o que acontece. A minha filha foi assaltada na frente de casa, por quatro caras armados, e eles se esconderam na Praça.

Outra coisa, gente, nós pagamos impostos. Quanto pagamos pela nossa segurança? E não vejo nada ser feito. Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Nós que agradecemos, Ana.

O Sr. Francisco Leandro Souza Dutra, da Eletrônica Dutra, está com a palavra.

 

O SR. FRANCISCO LEANDRO SOUZA DUTRA: Boa-noite, senhores, autoridades presentes, políticos, eu vou procurar ser o mais breve possível.

Eu sou morador e comerciante deste Bairro, eu acho que sou o vovô dos comerciantes, estou aqui há 55 anos. Então, mais ou menos, a gente conhece o costume, a maneira, o que vem acontecendo. Todos nós aqui sabemos que o nosso bairro, há alguns anos, o Bairro do Presidente Rubens, que antes se chamava Av. Eduardo, era um dos melhores bairros nos anos de 1950, 1960, 1970, de paz, amor, satisfação, de tranquilidade, o que não vem acontecendo de uns quatro ou cinco anos para cá. Inclusive eu gostaria de fazer um apelo, um pedido, aqui, para as nossas autoridades: na gestão passada, do nosso amigo Ver. Jacques Machado, já existia um Projeto, uma vontade de colocar um postinho policial da Brigada Militar, que seria uma sugestão a ser estudada, e talvez pudesse solucionar, em parte, isso aí.

E, em segundo lugar, como falou ali o meu colega, que é um comerciante ali da Av. Pres. Roosevelt, há quase 30 anos, e aconteceu agora, em janeiro, fevereiro, março, mais precisamente de fevereiro para cá: tomei conhecimento, mais ou menos, de uns quinze assaltos a vizinhos comerciantes. E, inclusive eu, que sou uma pessoa muito conhecida e que mora aqui há muito anos, sou o campeão de sofrer assaltos - nem vou falar em cifras, porque é uma coisa fora do comum -, já tenho uma certa precaução. Então, há coisa de dois meses, eu sofri uma tentativa de assalto, a duas quadras da minha casa, da minha firma, ao meio-dia. Eu sofri uma tentativa de assalto por três pessoas. Felizmente, eu reagi, e, aliás, eu não recomendo a ninguém aqui reagir a assaltos, mas, felizmente, como eu ando sempre armado em decorrência de já ter sido assaltado tantas vezes, felizmente, eu pus os meus pretensos assaltantes a correr. Bem, aí eu comuniquei à Brigada, fiquei tentando telefonar por 40 minutos e não recebi resposta nenhuma; se ficasse esperando, ficaria lá o dia todo. Aí fiz a ocorrência. Então, é uma coisa que merece muito ser estudada, e eu pediria às autoridades aqui presentes - seria uma coisa fundamental - que pensassem nessa parte de por uma segurança, o que fosse, alguns policiais, porque nunca se viu, em 50 anos, o que está acontecendo de dois a três meses para cá, sem contar outras coisas: pessoas na rua, indigentes, pedintes, essa insegurança.

Esse assunto afeta as crianças que vêm aqui no colégio vizinho; é quase nos fundos do Gondoleiros; ao meio-dia, estavam sendo roubadas as suas merendas escolares por pessoas indigentes. Quer dizer: eu acho que está na hora de terminarmos com tudo isso. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado. Regimentalmente, a Audiência Pública disponibiliza cinco minutos para dez inscritos. Como nós temos aqui um grande número de inscritos, para que nós possamos escutar a todos, ou quase todos, eu sugiro que passemos para três minutos, porque ainda a Brigada Militar vai-se manifestar, a Polícia Civil, mas, regimentalmente, são cinco minutos. Eu estou fazendo um apelo. Eu vou ser bastante rigoroso com os três minutos para que todos possam falar. Todos de acordo?

O Sr. Nelson Bento, morador da Av. Paraná, está com a palavra.

 

O SR. NELSON LEAL BENTO: Boa-noite, senhores autoridades, senhores colegas moradores ou comerciantes, eu vejo que foi promovido o encontro, principalmente, pelos comerciantes e empresários da Região. Porém sou morador, há 30 anos, do bairro, e, nos últimos seis meses, principalmente, tem-se notado um aumento muito grande, mas muito grande, da violência. E, como morador, eu digo que, no entorno da Av. do Parque, da Av. São Pedro e da Av. Farrapos, tem a Av. Paraná, Av. Berlim, Av. Guido Mondim, há moradores que vão descansar no fim de semana, que estão com seus filhos. E, só na Av. Paraná, este ano, de janeiro para cá, houve mais de 20 roubos ou furtos de veículos, ou tentativas. Então, os moradores não aguentam mais. Eu diria, com toda a tranquilidade, porque sou um homem de 52 anos, pai de dois filhos, que eu acho uma incompetência generalizada da Brigada Militar, da Prefeitura de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul. (Palmas.) E vou justificar o porquê! Sabe-se da dificuldade, como disse o nosso Presidente da Assembleia Legislativa, em relação ao mundo, quanto à segurança, quer no Brasil, Estado e Municípios e na nossa Capital. Mas, quando existem fatores pontuais, como a R. São Carlos, R. Câncio Gomes, onde os travestis tomaram conta, é sexo feito na rua, maconha, drogas correndo, e não conseguem resolver um fator pontual, é incompetência! Porque os nossos impostos estão sendo pagos, e não são poucos. Até elogio a Brigada Militar, porque eu participei de quatro ocorrências nos últimos três meses, e, pela primeira vez, nas últimas três vezes, em questão de cinco minutos, a Brigada Militar estava presente após a ocorrência. Então, já melhorou. Estão dando atendimento, porque antes tu telefonavas e eles não apareciam, alegavam falta de veículos, verba, contingente; levavam, sei eu, às vezes, até duas horas para chegar. Agora tem chegado pontualmente, após o chamado. O que está faltando, gente? Segurança preventiva, presença física; pedir documentos quando andam duas pessoas jovens na rua, à tarde, ou à noite, com bonezinho. Pode ser meu filho, não tem problema. Parem o carro e peçam documento, porque 90% dos furtos e roubos de carros são cometidos por jovens de 18 a 30 anos, não por ladrão experiente. Outra coisa – aí, sim, a Prefeitura -, e aí eu cobro dos Vereadores: iluminação pública, pelo amor de Deus! (Palmas.) Trocaram agora, fizeram agora, há um mês, 15 dias. Trocaram, no entorno da Av. Paraná, as lâmpadas dos postes das esquinas! Já melhorou 30%. Mas, no correr da rua, se trocarem, eu garanto que melhora, no mínimo, 60% da segurança. Agradeço. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Nelson. A Srª Luisiane Rosa, moradora e comerciante do Bairro, está com a palavra.

 

A SRA. LUISIANE MARIA ROSA: Boa-noite a todos, reiterando tudo o que já foi falado, gostaria de bater mais sobre os travestis na Av. Pres. Roosevelt, Av. Polônia, Av. Guido Mondim e ruas adjacentes. É uma vergonha, às sete horas da noite, estarmos reféns dentro de casa, não se pode chegar à janela, porque se é hostilizado, tem que ver todo tipo de coisa, o que se imagina e o que não se imagina! É droga, é assalto, esse rapaz que morreu na Av. Pres. Roosevelt, que bateu com o carro, foi na esquina da Av. Guido Mondim com a Av. Farrapos. Quem estava ali? Travestis. Os moradores não têm mais acesso às ruas, todo mundo está com medo. Então, eu pediria providências para um policiamento quanto aos travestis da Av. Pres. Roosevelt. E também quero dar uma sugestão: já que foi criado o camelódromo, o sambódromo, por que não o “travestisódromo”? (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Olha, Luisiane, no mínimo, isso é polêmico.

O Pastor Aristides Cavalheiro, representante da Igreja Metododista, está com a palavra.

 

O SR. ARISTIDES DE SOUZA CAVALHEIRO: Boa-noite, prezados componentes da Mesa e amigos aqui presentes, nós representamos, aqui, a Igreja Metodista. Sou Pastor da Igreja, e estamos reféns, na Igreja, dessa situação de violência, tanto é que não nos é mais permitido realizar cultos à noite. Estamos morando ali há quase 6 anos e temos presenciado muitas coisas com relação aos travestis, assaltos durante o dia. Esse crime que aconteceu foi ali próximo de casa; a gente tem filhos na faculdade, e é sempre aquela preocupação com relação à segurança dos nossos filhos. E, também, vemos os demais irmãos e amigos inseguros, porque participamos da comunidade.

Graças a Deus que, ali, na frente da Igreja, foi inaugurado um assador: assam frangos, churrasco, e ele trabalha até às 10 horas. Antes, quando não havia o assador, quando escurecia, às 19 horas, já estava cheio de travestis fazendo a maior algazarra. E não só algazarra em si, nada de moralismo, mas o fato é que, além da presença deles, vinham os clientes da nata da sociedade porto-alegrense, e daí os assaltos. Os travestis assaltando os seus clientes, e mais aquela questão de agressão, de joga tijolo, joga pedra; de repente, pinta uma arma. E as pessoas do entorno ficam muito constrangidas.

Certa ocasião, aqui, na Pernambuco, houve o incêndio de uma firma que vende borracha, e toda a população do entorno saiu para a rua, e eram cerca de 11 horas da noite. Com a população na rua, os travestis sumiram dali.

Então, eu diria para vocês que não se encolham. Nós temos de sair, porque, enquanto estivermos encolhidos, tudo que não presta se manifesta e cria raízes.

Esse nosso problema também acontece ao longo da Farrapos. Tudo bem. Eu creio que todos têm o direito de se estabelecer, de ter os seus negócios, e tudo o mais, mas vão para os locais próprios para isso. Não na entrada de uma cidade. O que as autoridades estão fazendo?

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): O senhor conclua, por favor.

 

O SR. ARISTIDES DE SOUZA CAVALHEIRO: Sim. Então, nós queremos viver, e queremos permitir que se viva, e se viva decentemente. E nós, aqui, não estamos vivendo decentemente. Nós precisamos nos unir, nos integrar, e receber o apoio das autoridades, pois, afinal, é para isso que nós pagamos os nossos impostos. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): A Srª Anna Laura Batista Nunes, estudante do colégio Irmão Pedro, está com a palavra.

 

A SRA. ANNA LAURA BATISTA NUNES: Primeiramente, quero agradecer a presença de todos da comunidade e dos Vereadores.

Sou estudante do Irmão Pedro e, em toda a região – e temos o Godói, Irmão Pedro, o Marechal, e o próprio Branca Diva, que foi citado -, a insegurança é muito grande, principalmente para nós, jovens. Eu sei que os comerciantes são assaltados, mas para quem estuda à noite, sai da escola à noite, fica muito mais perigoso.

O Sr. Airto Ferronato tem um filho que estuda ali, foi meu colega, e ele sabe a dificuldade pela qual nós passamos. Ali, no Shopping Total, há sempre muitos jovens e sempre muitos assaltos. E aqui, nas paradas de ônibus, é muito perigoso por causa dos assaltos, e não só para os jovens, mas para os trabalhadores também, que estão saindo dos seus trabalhos e indo para casa. Em cada uma ou duas paradas poderia ter, aqui - na região da Farrapos, que é um lugar de concentração de gente, e vemos os pontos de crack -, no bairro Floresta, mais iluminação e mais prevenção, com mais guardas municipais, com a presença da Brigada Militar, e em pontos estratégicos, como escolas, paradas de ônibus, e em região de bancos, etc.

E pedimos para a população se unir, pois assim teremos força – a união faz a força.

E já foi dada essa sugestão, de fazermos um pedido judicial para se tomar providências. Nós pagamos impostos. Eu tenho 16 anos e voto, porque acho que é assim que nós exercemos os nossos direitos. Eles foram eleitos por nós para fazer aquilo que a gente quer. (Palmas.) Quero agradecer, mais uma vez, e pedir para que seja firmado um compromisso, por escrito, com ata, com prazo, assinado, e que a sociedade fique responsável para que nos deem o retorno daquilo que está acontecendo.

Que seja feito um estudo de quais são as áreas de risco, porque nada vai ser feito ao acaso, não vão colocar os guardas em qualquer lugar. Tem de estudar e ver a melhor opção. Agradecemos a presença de todos, e pedimos para que cada um aqui cobre da sua família, cobre dos Vereadores que nós elegemos. Queremos atitude. Obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Anna.

Com a palavra o Marcos André Grando, morador do bairro Floresta.

 

O SR. MARCOS ANDRÉ GRANDO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, representantes da comunidade, eu fiz questão de colocar bairro Floresta, porque nós estamos numa divisa de bairros. Nasci e me criei nesta rua, esquina com a Almirante Tamandaré. Ali eu nasci, fiz a minha formação, e resido até hoje por quase 40 anos.

Fui comerciante nesse bairro, na Presidente Roosevelt, na Avenida São Pedro, onde, inclusive, recebi, nos períodos eleitorais, a visita do Sr. Zacher e do Sr. Ferronato, e, como comerciante, ex-comerciante, fui levado à falência pelos furtos que sofri. Na ocasião, inclusive, fui ridicularizado pelas autoridades.

Isso ocorreu em 2004, 2005, 2006, quando, como comerciante, participei de inúmeras reuniões comunitárias com autoridades militares e civis falando sobre roubo, sobre assalto, sobre prostituição e sobre segurança no nosso bairro.

E hoje venho aqui, novamente, como morador. Resido no bairro, e com comércio tocado pela minha mãe, e pela minha irmã, com pequenos comerciantes, e também com salão de beleza, aqui nessa rua.

Na frente da minha casa, assisto aos maiores absurdos, dia e noite: prostituição, crack; tudo o que os senhores podem imaginar. (Palmas.) Faço denúncias no disque denúncia, faço contato com o Denarc, contato com todas as autoridades, eu me utilizo de todos os telefones possíveis e imagináveis, registrados. Eu me identifico, coloco o meu nome como estou colocando aqui, e nenhuma atitude é tomada.

Eu venho hoje, aqui, com a esperança de que os nossos representantes do Município tomem uma atitude em cima disso tudo que foi dito, pois nada mais tenho a acrescentar, apenas a corroborar. Coloco o meu nome e o meu endereço à disposição para qualquer informação, pois sou testemunha viva de tudo o que ocorre nesse bairro onde nasci, me criei, e tenho vergonha de dizer, hoje, que sou morador desse bairro; não me orgulho disso.

Os nossos imóveis estão desvalorizando, o nosso comércio está quebrando. Três anos para alugar um imóvel nesta rua, três anos para vender! Meus vizinhos estão fugindo desse bairro.

Eu não quero mais assistir a isso, eu não quero mais, como acredito que ninguém aqui presente queira.

Eu peço desculpas pelo meu desabafo, e me coloco à disposição como todos, pois estamos cansados de nada acontecer.

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Marcos, só me dá, a pedido do Delegado, o endereço. Qual é a esquina? É Santos Dumont?

 

O SR. MARCOS ANDRÉ GRANDO: Santos Dumont, esquina com a Almirante Tamandaré. O meu registro está feito nos registros de inscrição ...

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Marcos.

Eu chamo para fazer o uso da palavra o morador do bairro São Geraldo, Ricardo Doliwa.

 

O SR. RICARDO DOLIWA: Eu quero agradecer às autoridades presentes, a toda a população desse bairro, a oportunidade que me dão para poder falar. Posso dizer, sem medo de errar, que sou um dos moradores mais antigos desse bairro. Nasci e me criei na Ernesto da Fontoura. Eu tenho só 70 anos. Quero ver se chego aos 100! Eu me criei juntamente com o pai do Mauro Zacher, um tio dele, e ele me conhece perfeitamente.

Já que falaram praticamente em todos os detalhes, inclusive em imóveis vazios, que são utilizados por travestis, por vagabundos, ladrões, tenho um imóvel na Rua Ernesto da Fontoura com a São Paulo, é a antiga usina da CEEE, que está totalmente vazia, abandonada, e à noite há farras e outras “cositas mas lá”.

Na Rua Ernesto da Fontoura, Polônia, Guido Mondin, Farrapos, São Pedro, depois das 18h30min, no inverno, não pode sair ninguém de casa, ninguém mesmo, porque travestis e prostitutas ocupam os lugares. Não dá para ir ao Centro e voltar depois das 18h30min, porque, se descer na Farrapos, você periga ser assaltado, assim como na esquina da Farrapos com a Ernesto da Fontoura e na Presidente Roosevelt.

Assaltos ocorrem semanalmente na Ernesto da Fontoura em frente à Formilâminas, que é o ponto de travestis. Antes de escurecer, estão praticando sexo, inclusive na frente da firma do teu pai, tá? Isso é bom, eu até falei para ele, inclusive, para cercar aquilo ali.

(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)

 

O SR. RICARDO DOLIWA: E ele sabe disso. Eu gastei mais de dez mil reais para botar uma cerca de ferro, de ¾, com 2 metros e 70, cerca elétrica, inclusive câmeras, na minha casa e na frente, onde eu tenho um pequeno depósito. E não me arrisco a sair de casa depois das 20 horas. Vim hoje, porque era uma obrigação moral vir aqui.

Agora, já que pediram tanto às autoridades, aos senhores, que tomem uma providência, e de quatro anos para cá ninguém tomou, eu vou dar uma sugestão: em cada rua vamos eleger um xerife. (Palmas.) E esse nome será levado à Câmara de Vereadores, como se fosse uma autoridade, o que ele disser lá vale pelo bairro que ele representa, pela rua que ele representa.

Outra coisa, se em 60 dias não cumprirem o pacto que será firmado hoje, vamos propor nos armar, porque eu espero o meu neto com uma arma, na janela, quando vai para a aula de inglês e chega às 18h30min, porque eu não sei se ele vai entrar vivo ou morto em casa. ( Palmas.)

Aqui, na Polônia, tem um “bandeijão”, os vagabundos ficam das 8 horas até às 11, 11h30min, quando abre aquilo ali, pela rua, na primeira oportunidade em que eles virem uma casa aberta, ou um carro, eles assaltam, e vamos alimentá-los. É humano, é necessário alimentá-los, mas temos que fazer algo para que não nos importunem, que nos deixem viver.

Quem conheceu esse bairro, como eu conheci, e como muitos aqui conheceram em 1960, e 50, era o carnaval da cidade, aqui, nós íamos ao baile do Navegantes, São João, no Gondoleiros, no Polônia, e no Duque de Caixas, e voltávamos às 5 da manhã, a pé, e conversando com as nossas namoradas e com as mães delas. Hoje, não podemos sair de casa depois das 18, 20 horas; e que horas vamos chegar?

Eu agradeço a oportunidade para vocês. Eu só solicito uma coisa: façam alguma coisa por nós, ou nós vamos nos armar. E vamos pedir, inclusive, segurança para vocês nesse aspecto, porque a minha sobrinha matou um bandido, um ladrão dentro do quintal dela, e o pai dela gastou 35 mil reais para procurar um advogado especialista para poder salvar ela, e foi provado que o cara estava dentro do quintal, inclusive, ia matar até o namorado dela. É ruim, né? (sic)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Ricardo, pela contribuição. Eu vou convidar para fazer uso da palavra o Walter Kauffmann, empresário, aqui da Cairu.

Antes de passar a palavra, já faz alguns minutos que me entregaram uma chave, aqui, e eu acabo me esquecendo. É uma chave de um carro Ford. Tem um controle remoto, e tem um chaveiro. Achamos. Obrigado.

 

O SR. WALTER KAUFFMANN NETO: Autoridades aqui presentes, nobre Vereador Mauro Zacher, cidadãos aqui nos acompanhando nesta belíssima Audiência Pública para se falar um pouco de segurança. Eu não vou tomar muito tempo ao microfone para relatar fatos, porque todos já relataram. Eu queria falar que, no meu entendimento, a Segurança Pública tem de se basear nas autoridades e no povo. Nós temos a Brigada, nós temos a Civil, nós temos a Guarda Municipal, nós temos inclusive os azuizinhos para cuidar do trânsito. Eu vou resgatar uma palavra: a Brigada e outras autoridades não são incompetentes, eles são extremamente competentes; o que eles são é mais do que isso, são mágicos ao conseguir tentar dar alguma segurança para nós, com a quantidade escassa de recursos humanos e quanto aos materiais que lhes são entregues. (Palmas.)

Outro dia, na rádio da PUC, numa conversa sobre trânsito, com uma autoridade, nós fizemos uma pequena ponta no ar, e nós descobrimos que cada azulzinho tem de guardar 56 quadras de Porto Alegre, 24 horas por dia, ou seja, não há pessoas para cuidar do trânsito; não sei os números da Brigada, mas tenho certeza de que é muito parecido. Nós não vamos montar milícia armada; quem tiver competência para andar armado, que ande; mas para quem não tiver competência, nós elegemos a Brigada para treinar os seus competentes homens para nos cuidarem. Nós não vamos sair armando marginal com uniforme para ele mesmo nos assaltar de noite, colocar uma pessoa sem treinamento para dar um tiro no nosso filho quando ele estiver pulando o muro, porque esqueceu a chave. Eu acredito que no ponto em que nós estamos, o que nós estamos precisando é definir responsabilidades e direitos de cada um.

Eu acredito que cabe a nós, como povo, solicitar para o nosso Vereador, pedir exatamente para cada um dos órgãos que estão encarregados de nos proteger, seja em trânsito, seja em crime, que nos especifique qual a quantidade de recursos humanos que tem disponível para nossa região; com essa quantidade, nós podemos realmente exigir um número de patrulhamento ostensivo na rua. Então, nós vamos querer que tenham dez azuizinhos na nossa região, tenham quatro homens da Brigada, tenham tantos da Guarda Civil à nossa disposição. Em cima disso, nós podemos efetivamente cobrar aquele recurso que nós pagamos através dos nossos impostos, porque, se apenas solicitar alguma coisa, vai entrar na fila, porque, com certeza, além do nosso bairro, todos os outros bairros de Porto Alegre estão solicitando recursos de segurança, e o recurso vai para aquele povo que brigar mais. Então vamos exigir o que nos é de direito! Quanto que a Brigada tem para nos oferecer? Quanto que a Civil tem para nos oferecer? Então, através de uma atitude concreta, nós vamos poder cobrar, e a Brigada, por sua vez, e as autoridades vão conseguir cobrar os recursos humanos que estão lhes faltando para poder nos dar o atendimento, porque eles têm o treinamento competente para nos dar.

Mas nós temos de gritar, berrar e exigir - acredito que através do Mauro - as informações que nós conseguimos solicitar, questões pontuais para o nosso Bairro; aí, sim, nós vamos vir aqui na próxima reunião para trazer problemas pontuais e soluções específicas. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Walter. O Sr. Jorge Luiz Burges, também Corretor e ativista aqui do nosso bairro. Três minutos rigorosos.

 

O SR. JORGE LUIZ BURGES: Boa-noite, autoridades, boa-noite comunidades. Em primeiro lugar, eu queria agradecer a presença de todos, porque uma coisa eu tenho a dizer para vocês: se a comunidade não comparecer, não conseguiremos nada. O Estado é muito difícil, às vezes, as próprias autoridades querem fazer as coisas e não conseguem devido à “burrocracia” do Estado.

Quanto aos travestis, a Polícia não pode chegar lá e pegar o travesti pela mão e o tirar da rua. O travesti tem o direito de ir, vir e ficar. Eu estou dizendo isso, porque já tratei deste assunto. Então, a minha sugestão para a Brigada, o que nós temos de fazer? Inibir o consumidor e não o travesti, vamos deixá-lo ali, mas, se passar uma viatura naquele momentinho, ficar ali em alguns momentos, eles não vão faturar! Entendeu? Ninguém vai encostar o carro ali para pegar alguém, com a viatura da Brigada Militar. Então, o que nós precisamos? Que a viatura circule nos horários de pico deles; eles ficam ali até a meia-noite, uma hora, ou mais, no horário de pico ninguém vai parar o carro ali para fazer qualquer coisa.

Outro ponto que o colega falou aí, pontual, a Praça São Geraldo é um problema que já vem há não sei quantos anos. O pior lugar que eu morei foi na esquina da Guido Mondim com a Paraná, onde fui assaltado ali, ou seja, tinha um filho adolescente, me mudei, morei um ano ali, sai correndo dali. Por quê? Todo mundo sabe que ali têm traficantes, tem cara de táxi que vai ali às cinco horas para vender a droga, e nós, leigos, sabemos disso aí. A Polícia sabe isso aí! Tanto a Polícia Civil, aqui representada, como a Brigada sabem que existe isso. Então, o que é? Temos de armar uma estratégia para pegar essa gente!

Outra coisa, eu tenho uma Corretora de Seguros, então está bem na minha área. Furto de veículos: todos nós sabemos aqui que São Paulo com São Pedro é carro furtado. Bahia, São Pedro, Guido Mondim, perto da ABT, é carro furtado toda a semana. Bahia, São Pedro, Buarque de Macedo é carro furtado. Pô, gente! Então o que está... Eu sei disso e não sou policial, eu sou corretor de seguros! Falo com a comunidade, todo mundo sabe disso! Vamos colocar um brigadiano à paisana para cuidar isso aí, como quem não quer nada... Eu garanto que isso aí vai diminuir bastante! Então, é estratégia; nós não temos efetivos, nós não temos viaturas, temos de ter estratégia, porque solução tem de ter! Eu gostaria de perguntar ao Comandante: quantas viaturas nós temos para cuidar o São Geraldo, o bairro Floresta e as Ilhas?

 

O SR. MARCELO GIUSTI: Quatro.

 

O SR. JORGE LUIZ BURGES: Pois é, são quatro viaturas, gente! Quatro viaturas que têm de cuidar o bairro Floresta, São Geraldo, Ilha do Marinheiro e Ilha da Pintada; então, aumentaram mais dois bairros agora, Moinhos de Vento e Independência. Então, realmente, fica difícil!

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Jorge, vou pedir para concluíres.

 

O SR. JORGE LUIZ BURGES: Então, eu sugiro, ou motocicletas andando pelo Bairro, e estratégias para acabar com isso aí. Só isso. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Vou convidar para fazer uso da palavra a Srª Márcia Rodrigues da Fonseca, moradora da Av. Presidente Roosevelt.

 

A SRA. MÁRCIA RODRIGUES DA FONSECA: Boa-noite a todos. Eu sou moradora aqui há quase um ano, e, de tudo o que já foi falado, eu só vou enfatizar uma questão: eu tenho filhos no primeiro grau e no segundo, e não vejo policiamento em frente dessas escolas. Sinceramente, moro a uma quadra do Rissul e não tenho coragem de permitir meus filhos, uma menina de 14 anos e um garoto de 12 anos, irem ao mercado sozinhos, devido à marginalidade que há no bairro, porque, como eu disse, moro aqui a quase um ano, não vejo policiamento na escola nem da minha filha, que estuda na Escola Estadual Irmão Pedro, nem na escola do Alexandre, que estuda na Escola Estadual de Ensino Fundamental Branca Diva, nunca. Eu percebo que isso está se refletindo também nas salas de aula. As crianças, pela falta do policiamento que eles não veem nos bairros deles, nem na frente das escolas, dentro da escola, tornam-se ainda mais agressivas. Lembro que, quando eu estudava, havia sempre um policial na frente da minha escola, até para ajudar a gente a atravessar a rua; hoje não vemos mais isso, e isso está se refletindo dentro das escolas. Se vocês estão indo à escola - há trabalhos da própria Brigada dentro das escolas -, percebem o quanto as crianças estão se tornando agressivas, porque é o que elas veem no bairro delas, é o que elas veem no dia a dia. Os meus filhos, como eu disse, não permito, a uma quadra da minha casa, irem ao mercado, porque tenho medo. Quando o meu filho vai jogar bola, eu trago ele na Escola Estadual de Ensino Fundamental Branca Diva simplesmente por causa de uma porcaria de uma bola, porque sei que qualquer vagabundo pode dar um tapa nele e machucá-lo. Eu, como todo mundo aqui também, acho que a comunidade unida tem que fazer alguma coisa. Gente, quero só agradecer e enfatizar que é preciso policiamento com urgência não só para os comerciantes - a gente sabe que fazem com que a nossa comunidade venha a crescer -, mas para nós, porque os valores estão se invertendo. Os pais e mães de família estão presos dentro das suas casas, e os vagabundos estão todos soltos; isso precisa ser mudado.

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Márcia. Convido a usar a palavra a Srª Andréia Santos de Araújo, Delegada do Orçamento Participativo.

 

A SRA. ANDRÉIA SANTOS DE ARAÚJO: Boa-noite a todos; à Mesa. Eu sou moradora do bairro há 10 anos e não tenho coragem de deixar as minhas filhas irem sozinhas ao colégio. Moro nos fundos da Escola Estadual Souza Lobo, e não vemos um policial em frente à Escola Estadual Souza Lobo, em nenhuma escola do bairro. Eu não faço lazer com minhas filhas na Praça São Geraldo, por quê? Porque tu ficas lá 5 minutos e fica tonta com o cheiro da maconha, há o tráfico de drogas, assalto. As pessoa que moram em frente à Praça - deve haver alguns moradores aqui - não têm coragem de, depois das 8h, ficar na praça, que era um lugar de lazer nosso, do bairro, onde nós íamos para tomar chimarrão, para nos reunir, para conversar; hoje não podemos fazer mais isso. Moro aqui na Av. São Pedro e, embaixo da minha janela, há poucos dias, foi morto um rapaz que tinha saído há dois dias do presídio; a poucos metros do bar, tinha um monte de criança, e a gente não vê um policial. Na frente do colégio, havia um rapaz cuidando as meninas. Liguei para a Brigada, e sabe o que me responderam? Eles disseram: “Senhora, a gente não pode fazer nada, a gente não pode abordar o rapaz, por ele estar na frente do colégio”. Eu disse para ele: “então vocês vão esperar que o rapaz estupre uma menina, que machuque uma criança para vocês tomarem uma atitude?” Então, eu queria pedir mais policiamento em frente ao colégio. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Andréia, Delegada do Orçamento Participativo. Convido o Sr. Getúlio Silva da Costa, que é morador do bairro São Geraldo.

 

O SR. GETÚLIO SILVA DA COSTA: Senhoras e senhores; autoridades presentes, boa-noite. Já foi tocado no assunto drogadição, prostituição, a criminalidade em geral. Eu queria colocar só mais um item, que é uma coisa muito importante. Um problema recorrente já da década de 70, 80, está acontecendo agora, com grande força, não só aqui no bairro, mas também em Porto Alegre e na Grande Porto Alegre, que são os “bondes”, antigas gangues de crianças e adolescentes que se unem em grupos, fazem grupos rivais. Meu filho, um dia desses, foi vítima de uma abordagem feita por 15 indivíduos, era uma “escadinha”, do pequeno até o maior; casualmente o pequeno ficou incumbido de dar um soco na cara dele, com a proteção dos grandes. Com isso, roubaram o boné dele, então, gente, é um problema que está acontecendo até com os pequenos. Então, peço... Quero, inclusive, agradecer a iniciativa de um programa que existe na Brigada Militar, o Proerd, que adverte as nossas crianças e adolescentes sobre a questão das drogas, das gangues, da violência. Quero parabenizar, em nome do Comandante, toda a iniciativa da Brigada Militar.

Nós, como pais, também, todos nós aqui, talvez, tenhamos passado por esse problema de os nossos filhos serem abordados por jovens adolescentes que, amanhã, podem se tornar delinquentes mais perigosos ainda. Existe a competência das autoridades, o que compete a cada um, mas que nós também possamos fazer uma sondagem dentro das nossas casas: com quem nosso filho está andando? Quem são as suas companhias? Como se forma isso? Porque isso é um problema não só das comunidades pobres - e digo isso com propriedade porque trabalho na erradicação de problemas de comunidades pobres lá no Município de Gravataí -, é uma coisa que pode estar longe de nós, mas que nos atinge diretamente. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Getúlio. Convido a Srª Sílvia Mara Domingues Kniphoff, moradora do bairro Floresta.

 

A SRA. SÍLVIA MARA DOMINGUES DE MORAES KNIPHOFF: Boa-noite a todos, à Mesa. Eu gostaria de colocar que sou uma paulista, vim para cá há dois anos e meio, há três anos e meio, casei, um gaúcho me trouxe. Estou muito assustada com tudo aquilo que vocês contam e com o que também vejo. Sou moradora da Rua Almirante Tamandaré, perdoem-me, mas tenho vergonha de dizer que moro aqui. A minha casa é maravilhosa, mas receber visita na minha casa é um problema, ninguém quer vir nos visitar. Na Brigada, não há gente suficiente; azulzinho, nunca vi; Guarda Municipal, perdoem-me, mas nunca vi aqui; nunca vi um trabalho social da Prefeitura com esses adolescentes crackianos, porque, aqui, o bairro (Palmas.), hoje, é conhecido como “cracklândia”, nós temos “n” problemas com adolescentes se prostituindo. Pois não? (Manifestação fora do microfone. Inaudível.) Pois é, está aqui, vou passar à Mesa. (Palmas.) Vou terminar já. Sou doutora em lazer e recreação, sou professora universitária, e não vejo nenhum posicionamento da Prefeitura quanto a atividades de lazer e recreação educativas para esta comunidade. Não adianta nós trabalharmos com os nossos filhos apenas; nós temos que trabalhar com essas crianças lá da Vila dos Papeleiros, Santa Teresinha, que estão se drogando na frente das nossas casas e nos assaltando. Eles não têm visão, não têm futuro. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Muito bem, agradeço as palavras da Sílvia Mara Domingues.

O Sr. João Matos está com a palavra, morador do bairro São Geraldo.

Quero informar que as inscrições estão encerradas para os oradores. Tivemos 20 inscrições.

 

O SR. JOÃO BATISTA ANDRADE DE MATOS: Boa-noite às autoridades e a todos. Vim trazer uma modesta sugestão. Eu sou morador da Rua Santos Dumont e pertenço à Paróquia São Geraldo. Nós viemos com o pessoal lá da Paróquia, inclusive o nosso Pároco Hilário está aqui presente. Eu trago, aqui, uma sugestão bem simples e curta. O que nós temos que fazer é inibir esse pessoal, os marginais, os travestis e tal. Essa é uma prática milenar; então não vamos dizer que nós vamos terminar com ela, porque seria bobagem falar isso. O que nós temos que fazer é inibi-los. E como inibi-los? Tenho duas sugestões: uma é nós nos organizarmos, assim como estamos fazendo hoje. Esta reunião é um grande passo para esta luta da qual, com certeza, nós vamos ser vencedores. Nós temos que nos organizar, porque os travestis são organizados, eles têm a Associação deles, e nós, famílias, praticamente não somos tão organizados. É uma demonstração, hoje, com esta reunião, de que nós estamos nos organizando.

Então, a minha sugestão é inibi-los, de que maneira? Já tivemos uma experiência no entroncamento da Benjamin Constant com a Dom Pedro, antes do Viaduto. Tinha lá um toldo, para que a Brigada tivesse um abrigo, quando andasse pelos bairros, para descansar ali. Então, a minha sugestão é a seguinte: nós temos, aqui, quatro, cinco praças, a São Geraldo, a Pinheiro Machado, a da Câncio Gomes e a Florida. Que tal a Prefeitura construir toldos em todas essas praças, com bastante luminosidade, um toldo para que a Brigada ande e, de vez em quando, chegue ali e pare um pouquinho, e colocar um letreiro: Brigada Militar. Isso inibe, e muito, porque a gente já tem experiência de bairros onde assaltavam e, hoje, eles colocaram casinhas de guarda, e essas casinhas só têm um guarda. Tem 10 casinhas por ali, mas inibiu, nunca mais houve assaltos. A minha sugestão é esta: nos organizarmos e pôr o toldinho para a Brigada. Boa-noite, obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Muito obrigado, João. Eu chamo, para fazer uso da palavra, o Sr. Aluíso Nedel, morador, também, aqui do bairro São Geraldo.

 

O SR. ALUÍSO NEDEL: Boa-noite à Mesa, boa-noite às autoridades, nossos Vereadores e à vizinhança dos bairros São Geraldo e Floresta. Vou trazer um assunto muito sério que ninguém falou ainda hoje, ninguém se lembrou. Eu moro na Rua Conselheiro Travassos, meu nome é Aluíso Edmundo Nedel, estou há 25 anos morando nesse endereço. Eu filmei todo o bairro São Geraldo e sei até das luzes que queimam aqui dentro. O Bairro tem 400 lâmpadas queimadas. Todas as ruas, eu filmei. Mas ruas também trancadas, que não pude filmar, eles não me deixaram filmar porque sabiam que, amanhã ou depois, poderia haver um ....(ininteligível.) Eu tenho uma árvore, na frente da minha casa, uma das maiores do bairro São Geraldo, eles trepam em cima da árvore e, depois, quando o pessoal chega, eles pulam por cima para assaltar o povo. O meu irmão Nelson - ele mora aqui -, eu e ele moramos 100 metros longe. A minha irmã saiu da casa dele para ir a minha casa, que fica a 100 metros, foi assaltada, perdeu tudo, às 7 horas da noite. Na nossa Igreja São Geraldo, quando a gente vai à missa, às 9 horas, temos que trancar as portas, porque tu estás na missa e entram os batedores dentro da Igreja. Eles não respeitam mais. Então, são essas palavras que eu tenho para os moradores do bairro São Geraldo. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Muito obrigado, Sr. Aluíso Nedel. Convido para fazer uso da palavra o Sr. Marcelo Bento, morador da Benjamin Constant.

 

O SR. MARCELO RODRIGUES BENTO: Boa-noite a todos; boa-noite à Mesa. Já foi comentado aqui sobre quais os problemas que a gente tem no bairro. Nós sabemos, também, que o efetivo da Brigada é pequeno, mas a gente tem que pensar como foi dito pela Sílvia. Nós temos que pensar no que está ocasionando esses problemas. Em primeiro lugar, é falta de Assistência Social. Por que tem uma criança viciada em crack? Por que tem prostituição infantil? Nós, enquanto sociedade, estamos fazendo algo para ajudar essa situação? Nós estamos empenhados, como sociedade, a colaborar? Nós sabemos dos problemas que a Brigada Militar enfrenta. Garanto que não é pela vontade dos brigadianos, garanto que deve ser a famosa “burrocracia” de quem está no Governo e que não está investindo na Brigada. Garanto que, em parte, pode ser a má vontade de aplicar o dinheiro onde deve ser aplicado, que é no policiamento. (Palmas.) Obrigado. É no policiamento, em movimento social, por quê? Porque, como a estudante quer ir para a aula, ter segurança, aquele que está fumando crack, aquele que está se prostituindo, ou aquela que está se prostituindo também querem ter as mesmas condições que ela tem, de estudar, de ter uma vida digna. Assim como aquele morador que está na Vila dos Papeleiros também quer ter um trabalho. Ele também quer ser gente, ele quer ter moradia digna. Ele só pensa na moradia digna? Não! Ele não pensa só nisso. Ele pensa também em ter trabalho.

Nós estamos, como sociedade - claro, não tirando o mérito dos governantes -, incentivando essas pessoas a terem inclusão no trabalho? Nós estamos ajudando, de forma efetiva, que essas pessoas se qualifiquem para o mercado de trabalho? Porque todo mundo abre o jornal, todo mundo vê que tem emprego, mas tem mão de obra qualificada? Não! Não tem mão de obra qualificada. Então, o que eu acho que a gente deve fazer? A gente deve cobrar das autoridades o policiamento, mas a gente deve cobrar - como a gente tem a nossa Mesa composta por Vereadores -, a gente deve cobrar, também, ação social para ajudar. (Palmas.) Muito obrigado! Obrigado, mesmo!

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Muito obrigado, Marcelo Bento. Eu chamo, para fazer uso da palavra, o Daniel Tibéri, da empresa Produção e Representações.

 

O SR. DANIEL DOVAL TIBÉRI: Boa-noite para vocês. Quero dizer uma coisa: hoje em dia, a violência... e não é de hoje em dia, é de 30 anos atrás, eu era pequeno e eu via crimes bárbaros acontecerem, e não adianta a gente estar se exaltando se nenhuma providência é tomada. Acho bonito pensar nessas coisas que falaram aqui, de ajudar as crianças. Em primeiro lugar, o lugar de criança não é na rua; em segundo lugar, é para acabar com esses traficantes, tem que acabar com os traficantes, prender eles, porque, de onde a droga sai? A droga sai é deles. Então, tem traficante solto, aí, vendendo.

Olha, ninguém está livre, hoje em dia, de ser assaltado. Entendeu? Pode ser vocês, e a gente vai ficar aqui, de braços cruzados, deixando as coisas acontecerem? Olha, eu cansei de ver gente ser roubada, na minha frente, ser espancada, e eu não pude fazer nada. Aí tu vais e liga para a Brigada - são duas, três horas para virem atender a gente. A empresa onde eu trabalho, infelizmente, amigos, foi roubada, com classe. Os caras arrombaram uma parede, eu não sei dizer como, levaram moto, bicicleta. Graças a Deus, vou elogiar a Brigada, que conseguiu recuperar as bicicletas, mas, o resto, sabe Deus onde está!

Então, o que eu quero dizer a vocês é que a gente tem que “botar a boca no trombone” e buscar o que é melhor para nós, porque, senão, vai continuar acontecendo isso. E é aquilo: travesti está aí, e, se a gente não se defender, eles vão continuar fazendo e acontecendo, e a gente vai ser prisioneiro, em vez deles serem os prisioneiros. Era isso. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Daniel. Encerrando nossas inscrições, eu vou convidar o João Hélbio, que vai também ter o tempo de três minutos, João. É suficiente? Um pouquinho mais talvez, porque o João é o Presidente do Conselho Municipal de Segurança, que é um Conselho vinculado à Secretaria de Segurança e Direitos Humanos do Município. Então, João, nos passa aí como é que está sendo o trabalho.

 

O SR. JOÃO HÉLBIO CARPES ANTUNES: Boa-noite a todos, boa-noite à Mesa. Eu peço licença aos senhores, mas eu quero parabenizar a comunidade aqui presente e dizer que eu, como Presidente do Conselho Municipal de Segurança, neste momento, falando como cidadão, também sou membro de uma comunidade. Eu sou da Moradores do Centro, onde a gente foi eleito, no Fórum Regional da Região, assim como nós temos um Fórum Regional, aqui da Região, do OP, que é o Humaitá.

Então, assim, eu queria passar para os senhores que eu acredito em duas coisas: em força de vontade e em comunidade organizada. Se nós pararmos aqui, nesta primeira reunião que foi feita, nós não vamos chegar a lugar nenhum. Eu estou, desde 2003, com essa esperança de que a gente possa melhorar. Se eu fechasse os olhos, agora, e ficasse ouvindo o que vocês falaram, eu podia estar em qualquer bairro de Porto Alegre. Tenho a certeza disso. As dificuldades dos senhores, alguma coisa localizada aqui, outra lá, não são muito diferentes.

No Centro, nós temos uma rua chamada “cracklândia”, e as dificuldades que a Brigada passa aqui são as mesmas no nosso Bairro. Então, a gente vê um avanço da comunidade. Então, qual é a minha proposta para os senhores, aqui, junto com os Srs. Vereadores? É de nós criarmos o Conselho Comunitário aqui do 4º Distrito, para que ele possa se somar aos outros Conselhos Comunitários e aos Fóruns Regionais, para que nós, comunidades, possamos ser ouvidas. Por quê? Aí entra o que a Sílvia falou. Onde é que estão sendo aplicados os recursos da área social de Porto Alegre? Quais são as comunidades carentes que estão sendo atendidas? Porque o furto não vem da nossa esquina, ele vem de uma comunidade carente que não teve recursos para evoluir.

Nós vemos muitas proposições boas - do próprio Secretário, quando foi da Juventude -, enfim, mas precisamos unir esse trabalho, e, para isso, gente, a gente faz uma luta diária. Eu, quando falaram aqui da situação peculiar de uma região, vou só citar aqui o Menino Deus. Hoje está reunido, lá, o Conselho Comunitário do Menino Deus; há quatro anos, eles se reúnem lá, têm as suas dificuldades, das praças, dos lugares que são utilizados. Por exemplo, a comunidade de lá cansou de ficar esperando mais recursos, mais viaturas. O que eles fizeram? Em algumas quadras lá, eles têm apitos. Quando um se sente acuado, ele começa a apitar para o vizinho do lado, que começa apitar, e o outro começa a apitar, e aí, quem está ali na frente zoando ou tentando uma ação ilícita..., porque a gente não pode fazer papel de policial; Polícia é Brigada Militar e Polícia Civil; nós temos que fazer esses entendimentos, porque tem que haver ações nossas também. O Conselho Comunitário de Segurança tem que estar presente para que, quando forem destinadas verbas públicas, por exemplo, como foi destinado, agora, em torno de quase quatro milhões de reais para a Vila Bom Jesus e para a Lomba do Pinheiro, para trabalhos sociais. Mas será que as outras vilas também não precisam desses valores? Mas, por quê? Porque precisamos ter ocorrências policiais. Façam ocorrências policiais.

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): João, não quero te interromper, mas é importante. O João está falando rápido, porque eu dei pouco tempo para ele, mas o João está falando sobre a questão da criação dos Conselhos Comunitários. Como é que a comunidade forma esse Conselho, João?

 

O SR. JOÃO HÉLBIO CARPES ANTUNES: Neste momento, aqui, hoje, pelas assinaturas que o senhor tem aqui, vocês podem se organizar e escolher um coordenador - que pode ser o Toninho, por exemplo, da comunidade; estou só citando ele, porque é um nome conhecido -, e mais um secretário, para que, uma vez por mês, vocês se reúnam. A Brigada vai fazer parte dessas reuniões, a Polícia Civil e a Guarda Municipal vão fazer parte dessas reuniões, e aí...

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): João, João, vou te interromper. Gladis, vocês que propuseram a Audiência Pública, nos procuraram e tal, é possível partirmos com a iniciativa de criar o Conselho Municipal no Bairro?

 

(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Então já demos um passinho à frente.

Com a palavra, João.

 

O SR. JOÃO HÉLBIO CARPES ANTUNES: Com certeza, porque a comunidade organizada vai chegar a algum lugar, porque quando tivermos que disputar verbas no Município, na Reunião do Conselho, vocês estarão presentes e vão dizer: “Opa, na nossa comunidade, lá, temos a vila tal, temos o bairro tal, temos a situação tal...” Então é nesse aspecto que a gente diz; a gente não quer vir aqui fazer estado de polícia, o policial é treinado para isso; nós temos que fazer a nossa parte enquanto comunidade. Por isso a nossa luta nesse sentido.

Eu queria aproveitar para... Nós vamos ter, agora, no dia 29 e 30 de maio, a primeira Conferência Nacional de Segurança Pública em Porto Alegre. A abertura vai ser no dia 29, na Câmara de Vereadores, às 19h. No dia 30 de maio, vamos discutir as diretrizes, encaminhamentos e os eixos no Instituto de Educação. Então, eu convido toda a comunidade para se fazer presente. Por quê? Porque o que nós precisamos, e foi dito por muitos, é política de Segurança de Estado e não de governo. Os governos vêm e passam, precisamos ter Segurança de Estado. Essa é a minha bandeira de luta. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Muito obrigado, João. Nós decidimos dividir o tempo aqui, até para que a reunião não se estenda, e para que a gente consiga sair daqui com resultados, com encaminhamentos, pelo menos. Então, eu vou convidar o Delegado Conrado, da 4ª Delegacia, que assumiu há poucos dias; ele está conhecendo melhor o bairro agora, e nós vamos oferecer para ele 10 minutos. Logo depois, nós passaremos a palavra ao Capitão Giusti, pelo tempo, também, de 10 minutos.

 

O SR. FLÁVIO COMPARSE CONRADO: Srs. Componentes da Mesa, senhoras e senhores, é uma honra muito grande estar presente nesta oportunidade. Eu estou chegando, faz 20 dias que eu assumi o distrito. Eu tenho 38 anos de efetivo serviço policial, e eu trago aqui o aval de uma pessoa que vocês conhecem bem e com quem nós temos um convívio salutar, harmônico e proveitoso, que é o Sílvio Fulginiti. O Sílvio Fulginiti me conhece muito bem; eu fui três vezes Regional na Cidade de Canoas, que abrangia Sapucaia, Esteio, Canoas, Nova Santa Rita, Eldorado e Guaíba. Então, com relação a tudo isso que vocês estão reivindicando, eu lhes asseguro que já estou providenciando algumas medidas, não digo para acabar com esse problema, mas que eu vou amenizar, eu vou amenizar! (Palmas.) Então, eu já determinei ao meu chefe de investigação, à equipe de investigação para monitorar esses locais onde se encontra este pessoal: travesti, gigolô, traficante, especialmente, a clientela. A clientela é que é culpada de haver essa gente. Com a sugestão que se tem de instalar uma câmera ou duas, a clientela vai fugir, porque eles não querem ser filmados. (Palmas.)

Uma outra situação – e aí eu também acho que o Sílvio pode me dar esse aval: lá em Canoas, eu tinha à minha disposição 20 Guardas Municipais que ficavam subordinados não diretamente a mim, mas à minha disposição. O que a gente fazia? No local de maior incidência desse pessoal, os azuizinhos ficavam notificando quem estacionava mal, quem ficava parado além daquele tempo permitido por lei. A Brigada Militar, por sua vez... Tivemos vários encontros, Comandante, com o Coronel Mendes, nós trabalhamos juntos vários anos. Então, o senhor já sabe a linha com que eu trabalho. Eu sou para o duro! Tanto que, lá em Canoas, há 10 inquéritos aos quais eu estou respondendo justamente porque eles acham que eu estou constrangendo o trabalho dos travestis. Não é constrangimento, mas determinadas situações são atentados violentos ao pudor. Então, o que eu tenho que fazer? Eu tenho que autuá-los. O que deve ser feito? Cadastrá-los. (Palmas.) A maioria tem condenação, a maioria está traficando, a maioria corrompe os menores. Então, isso seria uma forma. E isso eu já estou fazendo, com certeza.

Com relação à proposição do nosso amigo, eu estou de pleno acordo, eu acho que vocês têm que fazer isso, vocês têm que se unir e criar esse Conselho Municipal de Segurança Pública. É assim que funciona, vocês têm que se unir. E outra coisa: a Polícia Civil trabalha com a informação e com a inteligência. Eu tenho aqui um levantamento quanto a tudo o que o senhor falou. Eu fiz esse levantamento após tomar conhecimento de que eu teria que comparecer aqui. Eu tenho os dias, os horários, os locais de maior incidência de furto a estabelecimento, de roubo, de furto de carros. Claro, o meu efetivo é pequeno, mas com a colaboração da Brigada Militar, com o pessoal da Guarda Municipal e com os azuizinhos, certamente nós vamos dar uma diminuída nisso. Esse é o meu propósito. Podem contar, eu sou daquelas pessoas que às 8 horas e meia está na Delegacia e saio às 8, 9 horas, até porque eu tenho um grande privilégio: eu sou casado com uma Delegada de Polícia, que entende como é o serviço de Delegado, o que ele tem que fazer. Eu já estou com os meus filhos criados. Aquele pequeno tempo para o relacionamento, para o casamento... Ela compreende perfeitamente que eu tenho que dar uma atenção especial a todos os senhores. E eu espero fazê-lo, espero ter êxito. Vontade não me falta.

Eu falava para uma pessoa, há poucos instantes: faze o que gostas e gosta do que fazes. E isso eu faço! De manhã, quando eu levanto, a primeira coisa que eu faço quando me olho no espelho e vou fazer a barba, é dizer: “hoje vai ser um dia produtivo. Eu vou fazer o que eu tenho que fazer!” E eu acho que todos nós deveríamos ter esse parâmetro para obter algum sucesso no que fazemos. Obrigado a todos. Foi um grande prazer e espero contar com a colaboração dos senhores. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Nós é que agradecemos as suas palavras, Delegado, e a sua coragem, o seu desprendimento em nos ajudar. Eu passo a palavra ao Capitão Giusti, da Brigada, que tem 10 minutos, mas, se precisar se estender um pouquinho, não haverá problema; eu tenho certeza de que o senhor é bastante esperado.

 

O SR. MARCELO GIUSTI: Muito obrigado. Sou o Capitão Marcelo Giusti, Comandante da 4ª Companhia. Sei que para muitos não interessam essas subdivisões da Brigada Militar, mas é a Companhia que pega aqui os bairros. Como eu digo, nós temos vários bairros, mas dois são agregados: Moinhos de Vento e Independência. Os demais são os bairros de fato, os bairros do coração, como a gente gosta de falar para a tropa, que são: Floresta, São Geraldo e o arquipélago, as Ilhas, onde nós estamos trabalhando.

Estamos iniciando a nossa preleção com uma desvantagem, que eu vou falar ao final. Até peço desculpas por ter chegado atrasado, e foi em virtude dessa desvantagem, porque nós temos um defeito que eu acho que para muitas pessoas é grave. Mas eu aprendi com os meus pais que é uma virtude. E até eu chegar nesta reunião ainda havia pessoas tentando me convencer de que essas virtudes eram defeitos: a sinceridade e a aplicação no serviço. No final eu explico essa situação.

Nós assumimos a 4ª Companhia no início de fevereiro; já éramos do Batalhão, mas éramos subalternos. Sabem como é, o subalterno não apita muito, e, como sou Capitão antigo - o pessoal chama de “cajor” -, Capitão Major. Não serei promovido agora, mas na próxima me prometeram; mais antigo que eu, somente o Capitão Caverna, como falam. Assumimos a Companhia, com todo o prazer. Nós já vínhamos acompanhando a situação, e, como sou oriundo da área de inteligência e do Batalhão de Operações Especiais, fizemos um estudo; passamos um tempo como subalternos estudando os bairros, e muitas vezes muitas pessoas depois me viram fardado se assustaram, porque me viam discreto, à paisana, no meu carro, pois é assim que fazia meu estudo dos bairros, e examinei ao máximo o Bairro Marcílio Dias - que só tem uma área residencial, que é a Vila dos Papeleiros -, o Floresta, e o São Geraldo; nas Ilhas não fui muito a fundo porque elas são um ambiente, uma situação à parte, que trabalhei logo após.

Nesses três bairros, propriamente ditos, descobri uma coisa que é clara para todo o mundo, mas foi necessário ir a fundo para descobrir muito mais do que a visão provê: o problema desses dois bairros são dois meios, dois ambientes. Que ambientes são esses? Morador de rua e prostituição. Mas eles são ambientes para quê? Ser morador de rua não é crime nem contravenção, muito menos prostituição, eles são meios de propagação e localização de toda espécie de crime e de contravenção; não que todos sejam autores, existe muita gente boa, mas o meio é um veículo para isso. E desses crimes, qual é o maior? O tráfico, o entorpecente. E onde ele estava localizado? Na Vila dos Papeleiros. Detectamos pessoas que traficavam na Papeleiros, detectamos pessoas que compravam na Papeleiros. E como o consumidor conseguia o sustento para a droga? Ele era “flanelinha” no Moinhos de Vento ou no Independência, ele furtava ou roubava no Floresta e no São Geraldo. Ou seja, o meu problema, agora que assumo, fiz a cerimônia lá, bati espada, vou voltar a minha espada para onde? Papeleiros.

E os senhores acompanharam na mídia. Literalmente, com o pessoal do bairro Floresta, nosso mestre e presidente da ACC - Associação Cristóvão Colombo - chegou a dizer: “Está aqui o homem que invadiu”. Não, nós não invadimos, “invasão” é um nome meio estranho; nós tomamos de assalto. Num primeiro momento, pura repressão, porque a repressão se justifica num espaço onde não há valores. E, com relação a valores, valor não se inverte, valor é valor sempre, valor se degrada; o problema é a degradação de valores e não a inversão...

E fomos direto. Num primeiro momento, repressão, porque tudo era domínio do tráfico. No primeiro dia, o susto deles foi tão grande que o traficante caiu, ele ficou numa questão psicológica tal que ele entrou numa briga de vizinhos, que evoluiu para a prisão dele, e apreensão de todo o depósito de crack dele. A partir dali, nos tornamos moradores da Papeleiros.

Na segunda semana convocamos... Porque Brigada Militar... e inclusive me esqueci de falar, nós estamos com uma consciência que está se consolidando na Brigada MIlitar: a Brigada Militar não trabalha para governo. Eu não trabalho para governo - é a minha filosofia particular. Bertold Brecht já falou: “Os governos passam, a polícia permanece.” (Palmas.) O nosso problema, foi dito aqui, não é Estado; o Estado somos nós, e nós elegemos gestores temporários; o problema é governo, é gestão. Eu exerço a minha função de governo desta Companhia e busco fazer o melhor e o maior possível para a situação. Então, não temos nenhum vínculo empregatício com o governo, o nosso vínculo empregatício é com o Estado, e é assim que eu trabalho.

Resolvemos o problema da Vila dos Papeleiros; claro que não acabou, mas que diminuiu, diminuiu... Até houve gente de mudança, foram embora. Quem é que se muda quando a Brigada está por perto? Não vou entrar em julgamentos maiores.

Segundo momento: o problema da Vila é social. Chamamos os entes públicos do Estado, da Prefeitura, nós mesmos exercemos papel até de Agentes de Saúde, detectamos problemas. Isso é missão da Brigada? É. Tudo o que um dia vier a desaguar no que se chama ordem pública é problema da Brigada, está na Constituição. A função da Brigada não é somente se fardar, polir bem o coturno, ir para a esquina e botar a mão nas costas, essa não é a missão da Brigada; a missão da Brigada está na Constituição: preservação da ordem pública. Para eu chegar a isso, tenho que trabalhar o todo. E como diz o pessoal filosófico, holístico: Temos que ter um trabalho holístico”. E levamos a assistência para aquelas pessoas. Inicialmente tínhamos uma comunidade acuada pelo tráfico, e, em função disso, ela estava a favor do traficante e contra a presença da Polícia. A situação se inverteu, eles começaram a ver algumas coisas mais. Conversávamos, íamos de casa em casa, batíamos um papo, e tal. Pronto, resolvemos o foco, e, para melhorar, pedimos para o DEMHAB o terreno onde estou agora com uma van - porque eu tenho um problema, eu não gosto de ficar entre quatro paredes... O pessoal diz: “Olha o Capitão na rua...” Até foi aqui no São Geraldo, hoje, eu gosto de almoçar aqui no São Geraldo. O pessoal diz: “O Capitão na rua... O Capitão não fica em gabinete?” Deus me livre! Fechamos a nossa sede lá na Av. Praia de Belas, ou seja, onde é o 9º Batalhão não tem nada a ver com essa área, e criei a Companhia “cigano”, como alguns apelidaram, fomos para dentro de uma van e estamos ali na Vila dos Papeleiros. O DEMHAB nos cedeu terreno, falta o papel somente, e vamos construir a sede da 4ª Companhia. Já temos endereço: Av. Voluntários da Pátria, nº 1.800. (Palmas.)

E o DEMHAB vai formalizar a Carta de Cessão para nós construirmos. Então, nós vamos ficar dentro da comunidade. Não tinha cabimento nenhum nós estarmos lá na Praia de Belas. Bom, dali, nos espraiamos, fomos para o Floresta, o primeiro foco, o foco mais próximo. Fomos subindo o Floresta aos poucos, primeiro, da Vila até a Farrapos e, depois, da Farrapos até a Florida e da Florida até a Cristóvão, e da Cristóvão até o fundo do Shopping Total, na reta equivalente. Chegando lá, nós tínhamos o problema do ambiente número 2, que não tinha lá embaixo, a prostituição. Tudo isso já galgando, acumulando conhecimento para trazer para o bairro vizinho, o bairro São Geraldo. E lá nós tivemos alguns problemas, no passado, com as ONGs das prostitutas, dos travestis e etc., mas problemas até compreensíveis, porque era a forma de chegar, a estratégia aplicada, isso nós admitimos. Inclusive nós tivemos um problema - já dando uma tirada do Bairro São Geraldo de moradores de rua -, respondemos a cinco Inquéritos Públicos Civis, do Ministério Público, dizendo que a Brigada não devia e que não era missão da Brigada atuar em cima dos moradores de rua. Quem nos salvou? A Brigada não existe sem comunidade. Pode ter pouco efetivo, pode ter muito efetivo, mas a Brigada não pode atuar sem comunidade. Quem nos salvou foi o 4º Distrito. O 4º Distrito não fez só um abaixo-assinado, fez um arrazoado, acho que deve ter feito um colegiado de Direito. O Ministério Público encerrou todos os Inquéritos Civis Públicos e ainda fez uma recomendação: que a Brigada continuasse e que a atitude fosse empreendida, de preferência, em todo o Estado. (Palmas.)

Bom, mas aí nós esbarramos no problema da degradação de valores, que é a desvantagem sobre a qual eu vou falar no final.

Lá na São Carlos, as pessoas também estavam com vergonha de dizer que estavam na São Carlos, ainda mais porque a imprensa não é local, ela só visita.

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Capitão, eu vou pedir para nós irmos encaminhando e concluindo, porque nós temos outros oradores. O senhor já ultrapassou um bom tempo. Por isso peço que o senhor conclua.

 

O SR. MARCELO GIUSTI: Eu vou tentar ser o mais sucinto possível. Ali na São Carlos, nós resolvemos o seguinte: vamos atacar quem fomenta esse mercado - alguém falou “consumidor”, é estranho esse termo -, o cliente, invertemos mãos, bloqueamos ruas, para que todo o cliente de travesti ou de prostituta ficasse em mão única, em fila, para ser identificado pela Brigada Militar. E as barreiras passavam da meia-noite, até às 8h, algumas foram até às 10h. Tivemos inúmeras surpresas: imaginemos da classe “A, A, plus, com estrelinhas” até a classe C, porque a D não tem dinheiro para isso. Inclusive fomos procurados por pessoas de certo poder e influência que não gostariam que a lista fosse a público, e nós garantimos: não, essa lista não interessa vir a público, essa lista é só para ver a frequência.

E essa experiência nos foi auxiliada pela comunidade do Floresta, em cima de uma única organização que tem no Floresta, a Associação Cristóvão Colombo; lá não tem organização do Shopping Total, das farmácias, dos comerciantes ou dos moradores, lá existe um ponto único convergente: ACC. Pela facilidade, nós estabelecemos uma ouvidoria, a ACC tem uma Ouvidoria 24 horas, onde as pessoas nos informam tudo; ademais, nós pedimos para a comunidade que ocupasse espaços. A Praça Florida: adotamos a Praça Florida e pedimos providências da Prefeitura, da SMAM, da SMOV, da SMED, mas, até o momento, infelizmente, nada. Pedimos também a Guarda Municipal, através da Associação Cristóvão Colombo, com o seu Presidente. Hoje - a Praça Florida, todo o mundo conhece, ela é cercada - quem, de fato, está fechando ela às 20h e abrindo às 8h é a Brigada. Isso, sim, não é papel da Brigada. Enquanto a solução não vem, nós assumimos esse compromisso.

Agora, vindo para o São Geraldo - finalizando -, nós temos a Dona Gladis, que é nossa madrinha de Projetos; o Valdo, o pessoal que muito nos apoia desde o início; a Robertinha, que é a nossa musa do Projeto.

Aí, nós estabelecemos um estudo, inclusive viário. Nós temos alguns pedidos à EPTC para inversão de algumas ruas, como nós estamos pedindo para o Floresta, e lá os moradores entenderam. Para que a inversão de ruas? Tem ruas que não têm movimento nenhum, e nós projetamos um sistema viário para que elas passem a ter movimento ou para que elas desaguem no movimento.

Outra situação: o senhor aqui falou na luz, o bairro mais escuro nessa região, hoje, é o São Geraldo. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Capitão, quero aproveitar, se os Srs. Vereadores me permitirem, foi um equívoco nosso não termos convocado a SMOV, a FASC e a EPTC, porque os assuntos de segurança não são só da nossa responsabilidade, de nós políticos, ou da Polícia Civil, ou da Brigada, mas vamos repassar todas essas questões para os órgãos envolvidos. Por favor, Capitão, conclua, porque nós temos muitos oradores que são importantes.

O SR. MARCELO GIUSTI: Até porque essas situações deságuam onde eu falei: ordem pública. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): É uma decisão do Plenário. Nós queremos que todos possam se manifestar, e, inclusive, depois serão perguntas, e o Capitão pode ficar aqui para responder. Por isso que eu estou dizendo para a gente encaminhar.

 

(Manifestação fora do microfone, inaudível.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Gente, eu estou pedindo, porque nós mesmos definimos aqui o tempo de cada um. Como o Delegado não usou todo o tempo, eu estou pedindo para ele concluir, mas a gente pode refazer esse tempo, podemos dar o tempo que ele precisar. Agora, se a plateia quer esse tempo... O que nós sugerimos era que ele fizesse e que, depois, ele ficasse para responder a perguntas eventuais da plateia. Mas se a plateia definir assim, não tem problema, estipulamos o tempo maior ainda. Foi estipulado por nós mesmos.

 

O SR. MARCELO GIUSTI: É só pelo problema de raciocínio, porque eu não posso cortar o raciocínio agora, porque, senão, o bairro São Geraldo não vai ficar sabendo da situação. Para os senhores eu posso falar das estratégias; eu não posso falar para quem vai ser atingido por elas. Mas se souberem, é bom, porque, daí, já vão embora mais cedo. De fato, é o Bairro mais escuro, nós também já mapeamos, chegamos a um número. O senhor, acho que contou bem mais do que nós. E temos um problema, também, de muitas árvores. Eu não sou contra as alamedas, eu adoro, mas uma poda, de vez em quando, vai bem.

Outro problema, eu vou me juntar aqui ao representante que falou, é um detalhe que o São Geraldo tem, que não existe no Floresta. O bairro Floresta tem um problema que afeta o São Geraldo, mas o São Geraldo tem o seu próprio problema: os imóveis abandonados. É o nosso maior calcanhar de Aquiles. Quando eu digo nosso, é o calcanhar de Aquiles, também, para a Brigada. Muitas vezes, eles estão dentro dos prédios, não temos como visualizá-los nessa situação, é um verdadeiro esconderijo. E há situações em que também não temos como dar entrada lá dentro, porque não sabemos a natureza do que está ocorrendo. Se só estão dormindo, tudo bem, alguém deixou de alguma forma: por permissão ou por omissão. De alguma forma alguém deixou.

Então, eu sugiro ao Poder Público, no caso de abandono do imóvel...Isso de fato acontece, e eu vou falar muito aqui em Curitiba. Em Curitiba funciona assim: abandonou o imóvel por mais de dez anos, o IPTU vai em cima. Vai se instalar, está trazendo a empresa, está trazendo uma moradia nova: IPTU lá embaixo. Curitiba funciona assim. E eu peço isso não só para o São Geraldo, mas para o Floresta, porque, no Floresta, nós conseguimos, com as nossas ações, por incrível que pareça, valorização imobiliária. Um representante de imobiliária veio nos procurar, dizendo que postos de gasolina estão pensando em aumentar a sua bandeira para 24 horas (Inaudível.)... o posto de gasolina que está em frente ao nosso posto. Empresas da área do aço, até da área de sílica estão querendo se instalar na Voluntários da Pátria em prédios que, antes de eu entrar para a Brigada, eram prédios vazios. E isso tem de ser fomentado, isso traz prosperidade. Prosperidade é isso. (Palmas.) Isso afeta a Segurança Pública. Se eu tenho um movimento produtivo numa região, o improdutivo passa a ser uma situação alheia e até desconfortante naquele local. E, por natureza, eles acabam sendo levados a uma outra localidade. É o convencimento pelo conjunto. Isso se chama assim. Agora, existe um problema que o Floresta tem, que o São Geraldo não tem, mas com ele também sofre. Como disse, não tenho vínculo com o Governo e não me importa em que Governo, em que instância, em que Partido foi na Prefeitura de Porto Alegre. Eu, como Comandante de infração da Brigada, a mesma avaliação que eu faço, o Comandante-Geral da Brigada, no aspecto do Estado, também faz; eu vejo a ordem pública como esse todo, holístico: procurando saber como é que a comunidade vai reagir, como é que o comércio vai reagir. A Prefeitura, quando botou aquele albergue, ela fez isso? (Palmas.)

Esse questionamento eu botei, inclusive, no ar, na TV Record. E convém dizer: a RBS não quis colocar, não sei por quê; a Record botou. A única rua que não dá para valorizar, junto ao bairro Floresta, é a Comendador Azevedo, por causa do albergue. O restaurante que tinha em frente não vai voltar. Contatei o proprietário e fiquei sabendo que não vai voltar. O Consulado da Finlândia fica portão a portão com o albergue. Pobre do Cônsul, deve estar pensando: “De todo o corpo do consulado, eu devo ser o patinho feio”. Ele não consegue receber pessoas no Consulado! Ele marca reuniões diplomáticas em hotéis e restaurantes! Deve ter uma certa vergonha de receber o pessoal ali. Ou seja, eu não estou pedindo para retirar o albergue, eu só o estou puxando à lembrança. Como administrador, houve avaliação? E aqui eu vou dizer uma situação, se houvesse avaliação e eu fosse Comandante da Companhia, na época, e fosse perguntado: “Segurança Pública, convém um albergue aqui?” Eu diria que não e assinaria embaixo. Não é área para albergue! Não sou contra a Assistência Social, eu sou parceiro, inclusive encaminho moradores de rua para albergue, porque é para isso que ele serve. Mas o problema é que ele converge... Por mais que a FASC diga que as pessoas que estão lá dentro não têm nada a ver com o tráfico, com o entorpecente, com o furto, com o roubo, elas têm. Na época do Secretário Mallmann, por iniciativa dele, nós entramos albergue a dentro e verificamos que nenhum escapava dos antecedentes criminais. E ainda fomos criticados pela FASC. Fora os que ficam na rua, dizendo que vão entrar no albergue, o albergue fecha o portão e não entram; aí ficam na rua conturbando todo o dia, como se diz na linguagem popular: é um saco.

Pessoal, para o São Geraldo, nós temos, no momento, de parte da Brigada Militar, uma viatura. Das quatro viaturas, eu destinei uma para o Floresta e uma para o São Geraldo. E, hoje, tive a grata surpresa de termos uma motocicleta funcionando. Para onde ela irá? Ponto-base dela: Roosevelt com São Pedro. Certo? Fomos aquinhoados com essa benfeitoria da comunidade do Floresta em arrumar uma moto, mas eles já estavam cientes, eu avisei para eles que a moto não era para o Floresta. Então, devemos agradecer aos irmãos do bairro Floresta.

Temos alguns postos a pé. Existe um posto a pé - o brigadiano a pezito -, a forma mais básica de policiamento que eu gosto. Inclusive, a Gladis vê, eu desço na garagem do Valdo, e “coturno para que te quero”. Nós temos um posto previsto, tendo como eixo central a Av. São Pedro e a Av. Presidente Roosevelt; temos um outro na Praça Pinheiro Machado; e um posto lá em cima, iniciando na Olinda, perto da loja Homem, na Benjamin Constant, na Praça Júlio Andreatta. Por que esses postos ainda não estão aplicados? Nós estamos aguardando, foi formada uma turma nova, o pessoal novato. São cinco policiais militares novos, preparados, que virão para cá. E vindo novos, a nossa ideia é fixá-los aqui. Por exemplo, o Joãozinho será da Roosevelt e vai ficar, no mínimo, seis horas lá, ou, por maior que seja, 12 horas, e vai interagir com as pessoas e vai ser morador lá. Essa é a nossa ideia, e isso se chama polícia comunitária. Eu tenho que saber, por exemplo, quando a Gladis sai do escritório, a que horas normalmente ela sai, se ela saiu mais cedo, por que ela saiu mais cedo, nada impede que ele pergunte:” O que foi, Gladis?” Nós detectamos o golpe do sequestro de um empresário pelo celular, quando ele saiu do escritório antes da hora, todo esbaforido. Perguntamos o que estava havendo, e ele nos disse que haviam pego a sua filha. Auxiliamos e, de fato, não era sequestro, era o golpe aquele. Essa intimidade tem que haver, é assim que isso funciona. Como eu disse: mão para trás em uma esquina, é espantalho, não é policial; o crime não vai acontecer na volta, mas a duas quadras dali vai. Então, o policial a pé, só se ele andar, e não só andar, mas falar, interagir, visitar, não é para tomar cafezinho, já vou avisando. Mas, volta e meia, tomar uma água, porque ninguém é de ferro, mas não é só para isso.

Nós pedimos para a SMAM, não é o caso da Praça Pinheiro Machado, e a SMAM nos atendeu muito bem no final do ano passado, mas nas demais praças, principalmente a São Geraldo e a Júlio Andreatta... Deem uma olhada nessas praças, deem um cuidado maior para a conservação. A Praça Júlio Andreatta é cercada, quem fecha ela? Será que a Companhia também vai ter que assumir o cadeado do portão? Então, pedimos também para a Guarda Municipal acompanhar essa situação; à SMOV, a luz; e à EPTC nós vamos passar esse plano de vias, visando também à segurança dos pedestres. Querem um exemplo de cruzamento bem polêmico para o pedestre? A Av. Presidente Roosevelt com a Av. São Pedro.

 

(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)

 

O SR. MARCELO GIUSTI: Exatamente. Pessoal, eu, fardado, a pé, quase fui atropelado. Bom, pessoal, essa é a mensagem, já extrapolei bastante. A desvantagem que ia colocar para vocês, que tem a ver com o meu defeito, é que toda essa situação, e eu vou me empenhar bastante para passar para o novo Comandante, porque, antes de vir para cá, eu fui, na verdade, acometido - esse é o termo - pela minha transferência para o Município de Alvorada. Mas a Brigada é assim, em qualquer lugar do Estado, nós estamos prontos para trabalhar. Por isso, que comecei dizendo que estou nesta desvantagem, como profissional e pessoal do GOE, de um projeto truncado. Senhores e senhoras, eu falei ao máximo para que não sejam penalizados. Todo o projeto formal ou informal, será repassado para o novo Comando. Obrigado a todos pela compreensão.

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Capitão, obrigado pelas palavras. Eu quero convidar o Ver. Carlos Todeschini, que nos honra com a sua presença, para fazer parte da Mesa. O Ver. Adeli Sell está com a palavra.

 

O SR. ADELI SELL: Vou ser breve. Quando nós temos um problema importante, é caminhar na mesma direção. Por isso eu vou propor aos Vereadores, que estão aqui, que participaram deste evento, que possam, conjuntamente, reforçar o trabalho do Delegado e do Capitão, fazendo aquilo que aqui na Câmara a gente chama de uma indicação para a Srª Governadora, colocando a dramática situação de insegurança no documento que nós chamamos de indicação. Vou propor que o Ver. Mauro Zacher seja coordenador desse processo junto com um Pedido de Providências imediato à Prefeitura da iluminação; a questão da drogadição, o crack está aqui há dez anos. Não se falou aqui, mas esse é um problema de Saúde pública. E a ausência de Secretaria Municipal da Saúde, com a FASC, nessa questão, é que dá o problema que continuará sendo problema. Portanto, faremos isso também.

Um Pedido de Providências à SMAM de uma política de poda preventiva, como se chama, cortando, apenas e unicamente, aquilo que faz sombra. Não adianta colocar lâmpada porque a escuridão é o lugar privilegiado do ladrão e do malfeitor. Eu proponho, para daqui a umas três semanas, convocar todos os Vereadores, e nós gostaríamos que a comunidade tomasse a Praça, por exemplo, às seis da tarde; quem está em casa sairia e tomaria, literalmente, a Praça São Geraldo. Inclusive, com velas iluminadas, com um bom chimarrão, uma boa pipoca, ficando até a meia-noite. Depois, podemos repetir em outras praças, para mostrar, simbolicamente, que essa comunidade e os Vereadores caminham na mesma direção. O resto é discurso, é cobrança e não tem solução. Proponho também que nós, Vereadores, de comum acordo, peçamos uma audiência imediata com o Secretário de Segurança Pública para colocar as coisas que o Capitão e o Delegado colocaram aqui, porque eu já vi que eles são de fé. Eu já conhecia o trabalho deles, e tem que continuar o mesmo trabalho e a mesma linha, o mesmo ritmo e a mesma direção. Proponho, finalmente, que nós possamos, daqui a algum tempo, voltar a ter um Fórum de discussão na Câmara para fazer um balanço. Pode ser daqui a uns trinta dias, na nossa Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos e Segurança Urbana da qual eu faço parte, e todos os Vereadores podem participar, ou numa reunião com a Mesa Diretora, já que nós estamos nesse processo. Eu queria deixar, então, rapidamente, essas questões, e que trabalhemos juntos e caminhemos na mesma direção. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Agradeço ao Ver. Adeli Sell pela sensibilidade em relação ao horário. Passo a palavra ao Ver. Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Boa-noite a todos, quero dizer que estamos juntos com a proposta do Ver. Adeli, e os aplausos são manifestações que demonstram que as pessoas são favoráveis às propostas. Estamos aí.

Mas queria também trazer um abraço todo especial às senhoras e aos senhores aqui presentes e dizer da satisfação de voltar aqui ao 4º Distrito. Eu morei na Av. Presidente Franklin Roosevelt, na Av. Cairu, na Av. Berlim, na Rua Olinda, na Av. Paraná. Eu meio que andei por aí tudo, tenho a pretensão de dizer que tenho bons conhecimentos aqui da região, e, a última vez que estive aqui, falei sobre alagamentos, era Diretor do DEP, disse que faria um projeto que hoje vejo, com satisfação, estar concluído, e hoje está chovendo. Então, na verdade, isso me dá a ideia de chegar aqui no Bairro e rever uma série de pessoas que conheço muito bem. Quero trazer um abraço muito especial à Ana Laura, colega do meu filho no Colégio Irmão Pedro.

Há anos se ouve falar, e as autoridades falam sobre a revitalização do 4º Distrito, e isso precisa ocorrer estrategicamente, e não ponto a ponto. Acho que o ponto a ponto são avanços que vão se conseguindo. Agora, estrategicamente, para Porto Alegre, o 4º Distrito é um dos principais bairros, porque é a entrada da Cidade. Então, precisamos olhar com todo o carinho essa proposta.

E, além dessas questões todas que aqui falamos, eu quero falar sobre a instalação do Posto, que já vai existir, segundo falou o Capitão - acho que é interessante a presença do nosso Delegado Dr. Conrado -, mas eu sou natural de um Município com três mil habitantes, no Interior do Estado, onde há duas viaturas para essa população. Então, pragmaticamente falando, me parece que quatro viaturas é muito pouco para atender uma comunidade nessa extensão, com os problemas que têm e com essa quantidade de moradores. É interessante essa luta através das nossas presenças, na busca dessas questões também. Nós acreditamos e estamos prontos para estarmos juntos nessas lutas.

Acho que, com as propostas do Ver. Adeli, com as propostas que serão geradas pela Comissão que está aqui se apresentando, e o Ver. Mauro Zacher, que é um lutador pela região, vamos colaborar, pois a segurança na Cidade e principalmente no Bairro é fundamental para todo o morador de Porto Alegre, muito especialmente para as senhoras e senhores que vivem aqui. Um abraço a todos, muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Ver. Airto Ferronato. O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Obrigado, Ver. Mauro Zacher. Cumprimentando o Mauro, cumprimento todos os presentes aqui. Serei breve. Cheguei agora porque estava em outros dois compromissos, mas fiz questão de vir aqui, porque há dois anos nós aprovamos uma Lei em Porto Alegre, que é a Lei das Áreas Integradas de Segurança Púbica, que dá autoridade para fazer as escolhas por parte da comunidade sobre aquilo que são as prioridades e as ações na comunidade, que vão ao encontro do policiamento comunitário, dos programas para a juventude, que unificam e integram as ações de Polícia. Não estou falando aqui em integração de Polícia, que é bem diferente, mas em integrar as ações, o trabalho, porque as estruturas foram montadas há muito tempo e totalmente desencontradas. Agora, com o Senasp - Sistema Único de Segurança Pública -, com o Pronaci, com esses mecanismos, há base legal e constitucional para que isso aconteça. Isso está na alçada, principalmente, do Prefeito e do Secretário de Segurança, que deveriam estar aqui hoje, e deveriam já ter implementado essa Lei em Porto Alegre. Infelizmente, até agora não aconteceu nada, e, há dois anos, a Lei já está aprovada. Ela dá todos os mecanismos para que essa integração aconteça, e para que o controle comunitário passe a ser soberano nas questões de Segurança Pública.

Deixo aqui a mensagem para que vocês façam um movimento para exigir a implantação, aqui nessa área, que é a área correspondente ao Orçamento Participativo, da Lei das Áreas Integradas, que foi aprovada por unanimidade há dois anos e até agora não deu nem o primeiro passo. Então, só deixo essa mensagem de indignação, porque nada tem sido feito por quem deve fazer. (Palmas.) Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Passo a palavra ao Paulo, da Guarda Municipal.

 

O SR. PAULO CÉSAR SILVA DE CASTRO: Boa-noite a todos, vou falar rapidamente aqui, já que a Guarda Municipal foi bastante citada na questão das praças da região. Como deve ser sabido por todos, a Guarda Municipal tem uma limitação constitucional na sua atuação: ela não faz o policiamento ostensivo, muito menos o investigativo, que é função das Polícias. Mas, dentro de uma visão de atuação na prevenção e de auxílio na Segurança Pública, a tendência das Guardas Municipais do Brasil é estar atuando de uma forma mais visível para a sociedade, sair de dentro dos próprios do Município e trabalhar mais próximas à comunidade. Para isso, existe um movimento na Guarda de Porto Alegre que é o patrulhamento, o trabalho em parques e praças da Cidade. Hoje, nós temos um grupo que atua especificamente nessa situação. Então, estamos atuando de forma bastante consistente em grandes parques da Cidade, como o Parque Farroupilha, Marinha, Germânia, Chico Mendes. Temos uma atuação sistemática em algumas praças, mas, devido à questão de efetivo, também não estamos conseguindo abraçar todas as situações. Nós fazemos quase que diariamente ações em conjunto com a SMAM - Secretaria do Meio Ambiente - e com a FASC - Fundação de Assistência Social e Cidadania -, dentro de praças e parques, onde existe a permanência de pessoas em situação de rua. Então, o exemplo da Praça São Geraldo é um e estou me comprometendo de intensificar, amanhã mesmo, direcionando o meu efetivo e tratando com as outras Secretarias, que são parceiras, para atuar de uma forma preventiva junto àquelas pessoas. E a tendência é de que a Guarda incremente, implemente esse trabalho, ou seja, que ela cada vez mais atue como auxílio às forças policiais. Para isso, a gente tem a perspectiva de contratação de 60 guardas - se tudo der certo, ainda vem este ano, o concurso já está em andamento, já foram feitas as provas físicas -, e a tendência é que grande número desse efetivo venha para o trabalho de prevenção e atuação em parques e praças. Então, objetivamente para a questão da comunidade aqui presente, eu estou me comprometendo em atuar junto às praças. Também quero dizer que, na semana passada, eu estive pessoalmente na Praça Pinheiro Machado, na Praça Júlio Andreatta e, junto com a SMAM e com a FASC, nós retiramos algumas pessoas que residem na praça, inclusive ali há colchões, lonas. Então, a gente tem feito isso sistematicamente, quase que diariamente, abordando e retirando essas pessoas, juntamente com a FASC, convidando essas pessoas a irem para algum abrigo. Quase que 90% delas não querem ir para abrigo, querem ficar ali, porque existe por trás disso toda uma situação de ações delituosas. Então, a Guarda Municipal, dentro das suas atribuições e considerando as suas limitações, está tentando contribuir de forma preventiva, auxiliando as Polícias. Fizemos uma ação conjunta com a Polícia Civil no Parque Farroupilha, foram mais de 250 abordagens, e a Guarda Municipal está caminhando para esse viés. Então, de imediato, eu me comprometo com vocês a dar uma atenção especial às praças São Geraldo, Pinheiro Machado, Andreatta. Em princípio, essa é a contribuição que a gente pode dar, ela pode ser singela, mas é o que a gente consegue fazer neste momento. Esperamos que com o acréscimo no efetivo a gente possa aumentar bastante esse trabalho e estar presente de forma sistemática nas praças dessa região. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Como nós já quebramos o nosso regimento, eu vou fornecer dois minutos para o Sílvio Fulginiti, Presidente do Gondoleiros, e dois minutos para o Sílvio Belbute, Presidente da Associação Benjamin Constant, e depois nós faremos o encerramento.

 

O SR. SÍLVIO HENRIQUE FULGINITI Amigos e amigas, muito boa-noite; Ver. Mauro Zacher, é um prazer recebê-lo, esta casa é a nossa casa, é a casa do Gondoleiros, é a casa do 4º Distrito, e é de cada um de vocês. Como nós observamos, há muitas contribuições. Nós teríamos muito a acrescentar, mas o tempo é exíguo, várias pessoas já se ausentaram, pelo adiantado da hora, mas Segurança Pública, quero dizer, é a nossa paixão. E temos o testemunho, aqui, do Delegado Conrado, que nos conhece, e nós vamos em frente. Só estamos contentes no aspecto da integração que observamos, mas, ao mesmo tempo, estamos muito tristes, e isso não vai ficar assim. Eu gostei e aprecio toda a dedicação da Câmara de Vereadores, mas a comunidade está na hora. A gente notou aqui que tem um Delegado de ponta, um Delegado que poderia estar aposentado, mas que quer batalha, quer estar na rua, quer nos proteger. A Polícia serve para isso e é para isso que a gente paga imposto. Tem um Capitão que não pode sair daqui.! (Palmas.) Nós não podemos esperar! Tem um Capitão que é daqueles que não fica em gabinete. E eu vi isso em Canoas, quando nós estávamos lá com aquela experiência, com o depois Comandante-Geral da Brigada, nosso querido Comandante Mendes. Ele não vai sair, eu digo para vocês, porque nós vamos fazer uma comissão a partir desse Conselho que será criado aqui, nós vamos pegar o Mauro Zacher, e eu prometo que amanhã nós vamos bater direto, com alguma comissão que será formada aqui, no Comando-Geral da Brigada. Nós vamos lá no Comandante-Geral da Brigada e vamos também até o Secretário de Segurança Pública. O Secretário Goulart só não está aqui porque ele tinha um compromisso. Eu telefonei, fiz vários contatos com o Major Machado, seu Assessor. Ele tem que estar aqui, como tem que estar aqui também o Secretário de Segurança do Município de Porto Alegre. O 4º Distrito é muito grande, as nossas vidas estão em jogo e nós vamos em frente. Contem com o Gondoleiros, porque este Presidente faz! Mas o que vai ficar aqui é a nossa vida, o nosso coração, porque nós temos que recuperar um pouco do tempo perdido e garantir o futuro das nossas crianças. Nós vamos fazer a comissão e vamos até a Secretária de Segurança amanhã, assim como também ao Comando-Geral da Brigada! E o senhor pode confiar: se precisar parar a Av. Farrapos, na sexta-feira, às 18 horas, nós vamos parar a Av. Farrapos! Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Sílvio. Eu passo a palavra ao Sílvio Belbute, Presidente da Associação Benjamin Constant.

 

O SR. SÍLVIO BELBUTE: Eu iria propor exatamente isto: o Capitão Marcelo Giusti não pode sair da comunidade! E vamos, sim, fechar as avenidas Farrapos, Voluntários, as saídas da Cidade. Se precisarmos nos transformar em marginais e sermos todos presos, nós faremos para manter o Capitão! O Mauro me pediu pressa, mas o sangue ferve. Meus amigos, duas coisas importantes: primeiro, nós somos culpados, porque só agora é que nós começamos a cobrar soluções para mazelas que se arrastam há anos. Nós somos culpados, porque, de fato, quando a Brigada Militar recolhia os moradores de rua, pois no meio deles estavam infiltrados evadidos do sistema prisional, a Brigada Militar foi condenada pela imprensa, foi criticada pelo Ministério Público, e nós, as entidades formadoras do 4º Distrito, é que saímos em defesa das ações da Brigada Militar. E, naquele período, houve uma redução de 55% dos crimes contra o patrimônio no bairro São Geraldo, e de 33% no bairro Floresta. E o Ministério Público voltou atrás. Por sinal, por falar nisso, onde está o Ministério Público? Além da FASC, ele não deveria estar aqui também presente?! Outro problema, senhores, é a falta de integração dos órgãos de Segurança em todos os níveis.

Não basta apenas a comunidade se organizar em um conselho, porque isso fará bem, mas falta a mentalidade de gestão dos governos - de todos eles - para que haja integração efetiva dos sistemas e das informações, porque isso é inteligência de segurança, e isso não existe.

Terceiro e último ponto, e vou encerrar a minha fala, é um pedido que eu faço para vocês. Acompanhamos e somos parceiros da Guarda Municipal, da FASC, da Brigada Militar, nas abordagens que realizam na Praça Júlio Andreatta. As equipes vão lá, abordam os moradores, vai o DMLU, juntam o lixo e levam-no embora, e eles voltam para lá. Sabem por quê? Porque empresários da região doam os restos dos seus buffes para eles; moradores da região, com a melhor das boas intenções, com o melhor espírito cristão, dão dinheiro para eles. Vocês acham que eles sairão de lá? Nunca. Começa por nós; não deem esmola, porque esmola rouba a dignidade do cidadão. Não joguem o papelão e o lixo reciclado fora do horário, porque alimenta os carroceiros e carrinheiros, que são mulas do tráfico na nossa região. Segurança Pública começa por nós, ocupando os espaços. E aproveito a fala do Adeli Sell para dizer o seguinte: o dia em que o Adeli Sell marcar, a Associação Benjamin Constant entrará com o chimarrão. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Meus amigos, estamos chegando ao final da nossa reunião, eu saio bastante surpreendido com o resultado deste encontro. Vocês me conhecem, sou filho do Bairro, sou filho de comerciante do Bairro, conheço-o suficientemente, o bastante, e sei o que cada um de vocês, assim como nós, passamos aqui no 4º Distrito.

Realmente o entusiasmo, o que aconteceu, na noite de hoje, significa bastante; demos um passo adiante em uma luta que tem que ser permanente, e uma cobrança permanente de todos os Poderes Públicos.

Quando eu vejo uma comunidade que clama por segurança, mas ao mesmo tempo clama para que o seu Capitão permaneça, é porque estamos, com certeza, no caminho certo; a comunidade sabe aonde quer chegar e sabe o seu compromisso nesse papel.

Eu ouvi aqui várias falas, relataram bastante o retrato que nós vivemos hoje. Estamos discutindo hoje as causas, mas temos que enfrentar a raiz do problema. Temos que trabalhar as causas. E falaram muito bem, quando vem da escola também o fato da violência.

Quer dizer, nós saímos daqui hoje bastante... Com o Delegado que está chegando hoje, também, que nos mostrou entusiasmo e um compromisso impressionante com a comunidade, e tenho certeza de que o teremos como parceiro.

Eu quero dizer que esse Bairro já fez alguns investimentos em segurança. Nós criamos um posto da Brigada Militar, talvez o Capitão se lembre, aqui, na Moura Azevedo; nós construímos uma Delegacia na Rua Tavares, e os empresários pagaram por essa obra, Zilda, 180 mil reais para que tivéssemos uma área judiciária, e nós não tivemos os resultados efetivos, Capitão. Mas que bom que nós estamos no caminho; tudo isso que hoje foi discutido está sendo gravado. Nós entregaremos uma cópia a quem quiser; estará disponível essa cópia.

Tivemos encaminhamento de Vereadores, como o caso do Ver. Adeli Sell, tivemos encaminhamentos da comunidade, e nós agora traçaremos uma agenda no sentido de enfrentar a questão da Segurança no 4º Distrito.

E eu recebi em mãos, do Presidente do Conselho Municipal de Segurança, os documentos necessários para que nós possamos criar o Conselho Municipal do Bairro São Geraldo. Traçamos estratégias e buscamos os parceiros necessários para enfrentar a questão da Segurança.

E eu não poderia deixar de falar - fui aqui comunicado pela Assessoria – que a SMOV, que cuida da iluminação foi convidada; a EPTC foi convidada; a FASC foi convidada, e outras Secretarias, mas não compareceram nesta Reunião. É importante deixarmos isso registrado, para que vocês saibam, e os responsáveis também, que Segurança não está só nas costas da Polícia Civil, da Guarda Municipal ou da Brigada Militar; é um conjunto de ações que temos que criar.

Eu quero agradecer a este grupo, liderado pela Gladis, que me procurou, e prontamente entrei na briga. Quero continuar sendo um parceiro, para que possamos ver o 4º Distrito não só urbanizado e revitalizado como nós queremos e como estamos fazendo, através do Plano Diretor, atraindo investimentos de novo para cá, mas como um bairro seguro, que tenha as suas praças devolvidas à comunidade e que possamos ter aqui uma vida social, comercial, residencial muito boa novamente, como já aconteceu no 4º Distrito. Muito obrigado, e parabéns à comunidade porque sai vencedora hoje. (Palmas.)

 

(Encerra-se à Audiência Pública às 21h40min.)

 

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